Série: O que há com a Educação brasileira?


Da Redação
02/07/2023

O cumprimento do PNE ou de qualquer outra política educacional é fruto da luta de classes

 

“O ponto fulcral se encontra na luta de classes”, disse a presidente do Movimento Trabalhistas Pela Educação, professora Maria Amelia, ao ser questionada sobre os esforços para o cumprimento do Plano Nacional da Educação (PNE) por diferentes governos. De acordo com a líder trabalhista, o interesse capitalista mina as políticas públicas educacionais.

Na quarta pergunta da entrevista exclusiva com a professora doutora pedetista, ela afirma que uma educação adequada à formação de cidadãos críticos e ativos passa pela prevalência do interesse popular sobre o da elite detentora do poder econômico. Confira.

O PNE estabeleceu 20 metas a serem cumpridas entre 2014 e 2024. Dessas, 75% têm grande possibilidade de não serem cumpridas, a exemplo da implantação de escolas em tempo integral. O Brasil tem estabelecido metas inalcançáveis ou há falha por parte dos governantes e do Estado?

Sintetizo esta resposta com uma simples afirmação, que afirmo e reafirmo, como base em toda crítica que venho realizando nesta entrevista: Não existe vontade política para revolucionar a educação em nosso país. Está bom como está? Afinal, quem decide?

Companheiros de lutas pela igualdade de condições educacionais e de trabalho para todos, a questão não é o estabelecimento de parâmetros incapazes de serem construídos, culpabilizar alguém. A questão de fundo é reconhecer que este é o fundamento da opressão. A questão é identificar o que está por trás da pobreza, da falta de escolas para todos, da formação inadequada de professores, dos baixos salários dos professores públicos, das dificuldades para que estes possam prosseguir seus estudos… Muita coisa está abafada e silenciada neste contexto.

Novamente, se evidencia que o ponto fulcral se encontra na luta de classes e no não reconhecimento, pelas classes dominantes, da importância da implantação urgente de uma educação de base capaz de distinguir-se dos parâmetros fundamentados pelos poderes constituídos pelos mercados, nacional e transnacional, para o crescimento do Brasil como nação livre.

Somos, com a educação que recebemos e temos, fruto de um projeto parte de um processo civilizatório direcionado a nos apontarem a importância da mansidão e do calar sem refletir.  Por certo, nem mesmo a história contada em nossas escolas, fragmentada e pobre nos conhecimentos que repassa, é factível para entender-se o contraditório. A escola que temos, seja privada ou pública, pouco nos serve para nos construirmos como partícipes de nossa própria libertação política. A escravidão nunca cessou, por isso precisamos de uma abolição para a educação em nosso país. Como invoca nosso companheiro do MTPE (Movimento Trabalhistas Pela Educação) de São Paulo, professor André Stábile: Precisamos de um educacionismo como condição para libertá-la de seus algozes.

Nossas elites e seus orquestradores possuem a clareza que perderiam parte dos seus ganhos oriundos do capitalismo explorativo. Não existe a menor intenção de mudar este processo civilizatório. O esforço é para ampliá-lo onde escravizados, trabalhadores de hoje, acreditem que esta é sua vida – trabalhar e não reclamar –, enquanto seus filhos no presente acreditem que este é seu futuro. Queremos este futuro? Qual será este futuro? Você não sabe, mas eles sabem.