Série: O que há com a Educação brasileira?


Da Redação
07/06/2023

O caos Bolsonaro, a gestão criminosa e o retrocesso nas políticas públicas educacionais

 

O Portal do PDT inicia hoje uma série de publicações a respeito dos caminhos da Educação no Brasil. Para falar sobre o assunto, convidamos a presidente nacional do Movimento Trabalhista Pela Educação, a professora doutora Maria Amelia de Souza Reis. A intenção inicial era publicar uma entrevista, mas a face acadêmica da entrevistada fez render um vasto material.

A riqueza de informação gerou dez textos-resposta aos questionamentos originais da entrevista. Sucateamento da Educação no governo Bolsonaro; Novo Ensino Médio; Metas do PNE; Ações pedetistas em prol da Educação; Expectativa da área com o Governo Lula; Futuro da Educação no Brasil são alguns assuntos que você vai ver nas próximas duas semanas.

Para começar, falamos sobre a situação da Educação após o governo Bolsonaro. A ideia central era saber quais malefícios foram gerados por uma gestão caótica, com tantas trocas de ministro, escândalo de corrupção e cortes volumosos de verba. Confira a seguir:

 

A Educação no Brasil, incluindo a área de pesquisa, foi sabotada pelo governo Bolsonaro. O que se perdeu nesses quatro anos?

No tocante a educação muito se perdeu. Se a educação pública não atendia democraticamente a todos, ficou muito pior para as massas trabalhadoras e suas famílias ao se ampliarem as desigualdades.

A diferença entre escolas públicas e privadas – estas acessíveis às camadas altas e médias da sociedade – foi um fator amplificador da desigualdade. Enquanto o ensino pago ascendia com projetos educacionais e currículos diferenciados, o oferecido pelo Estado se retraiu diante de inúmeras barreiras.

Bom lembrar que as escolas privadas, em sua maioria, vêm sendo compradas por grandes instituições de negócios como fundações, ditas sociais, bancos e financeiras.

Com esta verdade embutida em muitos discursos progressistas, temos o acirramento das dificuldades de acesso dos alunos das escolas públicas às universidades federais, estaduais e municipais. São privados do acesso a instituições comprometidas com a qualidade sociocultural, econômica e profissional, que contam com corpo docente qualificado, formado majoritariamente por pesquisadores doutores em suas áreas de trabalho.

Assistimos nossas pesquisas serem prejudicadas por falta de recursos financeiros e humanos que afetaram também a formação de professores, pesquisadores, mestres e doutores; meios de transporte universitários sucateados; laboratórios aniquilados com total destruição das pesquisas, entre elas, pesquisas de ponta, muitas irrecuperáveis; prédios inacabados, falta de professores e pesquisadores em áreas específicas; ausência total de recursos financeiros para que os alunos bolsistas residentes de diferentes estados se sustentassem; ausência quase total de recursos financeiros para pesquisas e ações de extensão que se estendem com benefícios a várias comunidades em situação de vulnerabilidade.

Enfim, um desastre total de abandono a educação pública em todos os níveis e modalidades de ensino que evidenciam verdadeiro Estado de Calamidade Pública, aprofundado em tempos da pandemia mundial da Covid19.

Em relação às instalações, as perdas foram de tal monta que sequer os banheiros puderam ser utilizados pelos alunos, professores e funcionários em escala de retorno. Nada foi providenciado para o retorno às atividades educativas presenciais.

A vida universitária “quase” parou, não fossem os esforços de funcionários administrativos, professores e estudantes, sempre com grande empenho. Alguns, utilizando os parcos recursos das instituições e outros recursos próprios de suas residências para manterem suas aulas e suas pesquisas em andamento ainda que precariamente.

Na totalidade da educação pública de base, o que era precário ficou muito pior, mais pauperizada e caótica, não fossem os empenhos primorosos de alguns professores dedicados, secretários de educação e governos estaduais progressistas.

Outras formas de sabotagens na Educação podem ser registradas para além dos seus efeitos nas práticas educacionais. A partir deste pressuposto, agressões à educação pública no governo Bolsonaro ainda se podem nomear: a institucionalização da Home Scholl; desatenção total a educação básica; as mudanças trágicas no ensino médio; o não cumprimentos das metas do PNE e a institucionalização das escolas cívico-militares, entre outras.