Histórico militante pedetista de Niterói (RJ) morre ao 82 anos de idade
Antônio de Azevedo Alves, o Seu Antônio do Cafubá, morreu neste sábado (11/11) aos 82 anos de idade após curta enfermidade. Ex-candidato a vereador pelo PDT de Niterói, amigo pessoal da secretária-geral e fundadora do partido Carmen Cynira Leite de Castro, sua vizinha no bairro, foi através dela que conheceu e fez amizade com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Jorge Roberto Silveira e Carlos Lupi, entre outros dirigentes do PDT; e também do ex-prefeito Rodrigo Neves e do atual prefeito da cidade, Axel Grael.
Dono do restaurante que leva seu nome, militante político e defensor do Trabalhismo, Seu Antônio, na última eleição e em todas as demais que a antecederam, sempre se posicionou politicamente e se tornou exemplo de militância de esquerda. O prefeito Axel Grael decretou luto oficial na cidade e decidiu que a rua onde funciona o restaurante no Cafubá vai passar a se chamar rua Seu Antônio.
Inicialmente como simples morador do Cafubá e dono de um bar no Centro de Niterói, seu Antônio frequentava uma birosca no bairro, na época quase sem casas e muito verde, onde gostava de tomar umas cervejas e conversar com amigos nos finais de semana. O dono do pequeno comércio decidiu se desfazer dele e, estimulado por amigos, resolveu comprar o pequeno comércio para, no terreno, fazer um restaurante.
Estimulado por Carmen e cada vez mais presente nas atividades e reuniões do PDT de Niterói, Seu Antônio, com ajuda de sua esposa, excelente cozinheira, iniciou o restaurante servindo uma vez por semana uma feijoada frequentada, no começo, apenas pelos amigos mais chegados. Mas a fama pela qualidade da feijoada foi longe, atraindo cada vez mais gente.
Naturalmente a freguesia foi aumentando cada vez mais e o restaurante se ampliando com o passar do tempo, especializando-se em peixe, frutos do mar e – especialmente – bacalhoada cuja fama e qualidade atraíram freguesia permanente. Seu Antônio passou o bar da cidade adiante para se dedicar integralmente ao restaurante, cada vez mais famoso.
Com o passar dos anos – já são 38 anos – a casa virou ponto obrigatório para niteroienses na volta da praia nos finais de semana a ponto de obrigar Seu Antônio, em nova ampliação do comércio, a abrir um bar em frente ao restaurante – com serviço de cerveja e tira-gostos – para os fregueses na fila de espera por uma mesa no restaurante.
O restaurante do Seu Antônio, nome que pegou, tornou-se também parada obrigatória para almoço ou janta em todas as visitas e reuniões políticas realizadas na cidade por Brizola e Darcy Ribeiro, fãs da bacalhoada servida no lugar. Carmen Cynira sempre presente, também.
Pedetista militante, frequentador das reuniões semanais na sede do partido no Jardim São João, Seu Antônio integrou o diretório municipal e chegou a disputar uma cadeira de vereador em Niterói, sem sucesso – quem perdeu foi a cidade.
Isto não o impediu de colaborar e participar de todas as campanhas do PDT desde 1982, a primeira eleição de Brizola a governador e, especialmente, a campanha de Darcy Ribeiro a governador em 1986. Seu Antônio também tornou-se amigo e participou de todas as campanhas eleitorais disputadas pelo ex-prefeito Jorge Roberto Silveira.
O restaurante Seu Antônio, por conta da permanente militância política de seu dono, tornou-se local de reuniões políticas não só do PDT como de outras legendas partidárias; tornando-se ao longo dos anos um substituto do restaurante Monteiro, no Centro de Niterói, na rua da Conceição, histórico restaurante de reuniões políticas da antiga capital fluminense.
Uma das últimas grandes reuniões políticas realizadas no restaurante do Seu Antônio, com a presença deles, foi a filiação ao PDT do então prefeito Rodrigo Neves, na presença do então presidente nacional do PDT, Carlos Lupi; e do ex-ministro e candidato à presidência da República, Ciro Gomes. Seu Antônio andava afastado dos negócios, entregues ao filho e a família, morando no sítio que tinha em Maricá.
Seu Antônio deixa filhos e netos, agora responsáveis pelo restaurante que leva o seu nome.