Estudo aponta que Brasil precisa de 116 anos para atingir igualdade racial


Da Redação
22/11/2022

Presidente nacional do Movimento Negro do PDT defende ampliação de políticas públicas para a população negra

 

No mês da Consciência Negra, o Índice Folha de Equilíbrio Racial (Ifer) aponta que o Brasil vai demorar quase 116 anos para que pretos e pardos tenham as mesmas oportunidades que brancos. O presidente nacional do Movimento Negro do PDT, Ivaldo Paixão, defende que esse cenário só vai melhorar se houver ampliação de políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade.

De acordo com o pedetista, o processo histórico brasileiro é desfavorável à população negra, sobretudo pelo comportamento do Estado desde o fim da escravidão. “Nenhum país que passa por um processo de quase 380 anos de escravidão saí incólume. Ficou o estigma. A abolição da escravatura foi incompleta, não houve políticas públicas que atendessem os alforriados, não houve uma política de Estado de inclusão. O que houve foi uma política pública de embranquecimento”, afirmou Paixão.

O que pode mudar essa realidade é a criação sistemática de políticas públicas de fomento a igualdade racial. Isso pode ser notado pondo uma lupa sobre o ensino superior brasileiro. A pesquisa do Ifer concluiu que a maior retração da desigualdade aconteceu nesse setor.

Graças à política de cotas raciais e sociais da última década, o número de pretos e pardos matriculado em universidades cresceu 400%. Se tratando de institutos públicos, os negros já representam 52% dos alunos matriculados. Ainda assim, o índice da Folha apontou que serão necessários mais 34 anos para que haja equilíbrio racial na educação.

“Sou plenamente a favor do programa de cotas, mas é preciso avançar. Nos programas de governo de Ciro Gomes para as eleições de 2018 e deste ano, dos quais participei, prevíamos melhoria nessa área. Tem que acompanhar o cotista e dar a ele o mínimo de condição para frequentar a universidade, por meio de um programa de renda específico, enquanto ele cursar a graduação. A pós-graduação também precisa entrar nessa política”, expôs o presidente nacional no Movimento Negro do PDT.

O Ifer fez uma análise e um comparativo de dados de ensino, sobrevida e presença no topo da pirâmide de renda dessas populações. Os indicadores vão de -1 a 1 – quanto mais próximo de -1, maior é a representação dos brancos em relação aos negros. Zero representa o equilíbrio racial. De acordo com o instituto, entre 2001 e 2021, o Brasil melhorou 0,071 pontos, indo de -0,389 para -0,318, o que indica uma evolução bastante acanhada.

Quando se considera o fator renda, os resultados são ainda menos favoráveis para os negros. Em duas décadas, o indicador nacional de renda melhorou apenas 0,068 pontos, de -0,516 para -0,448 pontos. O estudo conclui que para haver igualdade de renda no Brasil serão necessários mais 406 anos.

Em matéria da Folha do último domingo, o pesquisador do Insper, Marcelo Firpo, disse que a ascensão social dos negros no país ainda é muito tímida. “O Brasil ainda não dá acesso à elite para os negros. Isso tem se reduzido, mas em uma velocidade muito pequena, o que deixa claro o quanto é necessário aumentar o número de políticas públicas integradoras”.

A desigualdade no país avançou nos últimos anos, sobretudo depois do Governo Bolsonaro. Os últimos quatro anos foram de desmonte de políticas sociais, o que levou milhões de brasileiros de volta a miséria. Sem dúvida, isso representou um retrocesso na busca por igualdade racial. Agora, com a chegada do Governo Lula, apoiado pelo PDT, a perspectiva é de retomada de políticas públicas que reduzam a discrepância social.