O último discurso
Em 1961, o Brasil perdeu ROBERTO SILVEIRA. Quem era ele? Um bravo, um lutador por causas do interesse do povo de seu Estado, um nome que começava a se espalhar pelo Brasil afora após apenas 2 anos no governo do antigo Estado do Rio de Janeiro, ou seja, um estado formado por todos os municípios atuais, menos pelo mais populoso dele, a capital, cidade do Rio de Janeiro, que era então a capital da República, quando da eleição em 1958, tornando-se Estado da Guanabara, após 1960.
O Rio de Janeiro era, curiosamente, ainda um estado dominado por coronéis dos velhos partidos que se faziam representar no governo estadual por um defensor apenas dos interesses agrários. ROBERTO SILVEIRA fizera parte de dois governos deste partido agrário, mas era um trabalhista e queria novidades. Por isso se candidatou e ganhou, conseguindo o apoio de TODOS os partidos, da esquerda à direita, e deixando sozinhos os governantes de então.
Ainda assim, contava com a simpatia e o respeito de todos. Partidários dele e até de adversários cogitavam lança-lo para presidente da República ou vice-presidente na eleição seguinte, mas não houve tempo. Em fevereiro de 1961, ROBERTO SILVEIRA foi vítima de si mesmo, de seu senso de responsabilidade. As enchentes que atingiam, na região central do Estado, os municípios do Médio Paraíba o convenceram a viajar para levar conforto às famílias locais que perderam entes queridos e bens. Milhares de pessoas estavam ao desabrigo.
O governador sentia o dever moral de ir, mas um desastre de helicóptero causou a tragédia que abalou o Brasil naquele triste fevereiro. Uma semana depois da queda do aparelho, acontecida após um minuto da decolagem, ele morreu.
Morreu um grande político, um pensador ousado e original da corrente de esquerda que integrava – o trabalhismo –, morreu um lutador de vanguarda pelas melhores causas sociais, um defensor de propostas tidas como radicais, porém, que não fazia inimigos na política. Os adversários se tornavam amigos: bastava dialogarem e se mostrarem também abertos à reflexão sobre o que era melhor para o estado, para o país, para a população.
Por isso, o visionário, o carismático, o homem que governou, infelizmente, por apenas dois anos e dois meses o Estado do Rio de Janeiro continua uma ótima lembrança no coração do povo de seu ESTADO DO RIO DE JANEIRO, onde não existe município que não tenha uma rua, parque, praça, avenida, escola, posto de saúde ou rodoviária com o nome dele.
Por esta razão, comemoramos o centenário de nascimento de um dos maiores líderes populares do Brasil, o governador do antigo Estado do Rio de Janeiro, ROBERTO SILVEIRA, o autor do primeiro projeto de reforma agrária promovido por um estado, o criador do Movimento Popular de Alfabetização, o homem que enfrentou e acabou com o monopólio dos transportes das barcas Rio de Janeiro – Niterói.