Edição histórica da revista revela e registra os fatos que culminaram no 1º de abril de 1964
Na confluência de seis décadas do golpe que remodelou o Brasil, o Centro de Memória Trabalhista (CMT) lança “Brava Gente – Edição Histórica – 60 anos do Golpe contra o Trabalhismo”. A publicação, já disponível na Biblioteca Virtual da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), oferece uma viagem pela rica história do Trabalhismo, desvendando a ousadia de João Goulart em planejar transformar o país por meio das Reformas de Base, o que efetivamente motivou o motim civil-militar que o destituiu. A versão física da revista será lançada durante o 6º Congresso Nacional do PDT, entre os dias 23 e 26 de maio.
Esta edição especial relembra o doloroso Golpe de 1964 e celebra a resiliência e os ideais de figuras como Jango, cujas políticas e visão progressista são detalhadas na revista. O documento, carregado de análises e debates de especialistas, aponta os motivos pelos quais, apesar de degradar o Brasil, o golpe foi verdadeiramente contra o Trabalhismo, corrente política que promovia profundas transformações no país desde 1930, com Getúlio Vargas.
Jango sonhara tão alto quanto precisava o Brasil e planejava promover as reformas: agrária, administrativa, bancária, eleitoral, tributária, urbana e universitária. Seria a correção do rumo nacional capaz de contemplar cada cidadã e cidadão, trabalhadora e trabalhador do país. Era o caminho da justiça social que, invariavelmente, retiraria privilégios das elites econômicas.
No texto introdutório da revista, o escritor Flávio Lyra conclui sobre os reais motivos do golpe. “Antes de qualquer outra coisa, o golpe de 1964 foi a resposta [, às Reformas de Base,] das forças sociais representativas das oligarquias rurais e urbanas que controlavam as atividades produtivas do país, devidamente mancomunadas com as Forças Armadas, articuladas e lideradas pelo governo dos Estados Unidos”.
“Nos vinte e um anos em que os militares ficaram à frente do país, a agenda de reformas progressistas, as Reformas de Base, foram bloqueadas e substituídas por um conjunto de outras reformas de caráter retrógrado, as quais acabaram ditando os rumos futuros da vida política e econômica do país”, explica Lyra.
A edição histórica de Brava Gente realça, mesmo diante dos desafios impostos a partir daquele ano, como as sementes do trabalhismo permaneceram vivas, germinando nas gerações futuras e culminando, anos mais tarde, na fundação do PDT.
Na revista, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, reforça a luta contínua e atual contra as forças que buscam destruir os direitos sociais dos trabalhadores. Ele destaca o golpe de 1964 como um ataque direto ao Trabalhismo e suas propostas de equidade e democracia.
“O Brasil conta, desde a origem, com uma elite que nunca perde o seu objetivo: destruir os direitos sociais do povo trabalhador. Foi essencialmente o que aconteceu em 1964, a partir da ruptura democrática gerada pelo golpe civil-militar,” afirma Lupi.
“Um perverso ataque contra o Trabalhismo e suas lideranças, como Leonel Brizola e João Goulart, por perceberem o avanço de políticas estruturantes que marcaram a História do País. Entre elas, a melhoria das condições de vida dos mais humildes através de um elo fundamental: o salário”, completa o ministro trabalhista, lembrando o papel fundamental do fundador do PDT no cenário que precedeu o golpe.
Manoel Dias, presidente da FLB-AP e secretário-geral do partido, por sua vez, lembrou que, por mais duro que tenha sido o atentado contra a nação brasileira e o Trabalhismo, os algozes não puderam frear ideal de transformação social e econômica tão consolidado no seio do povo como o trabalhista.
“Esta gente, que tanto perseguiu e combateu o Trabalhismo, obteve êxito, mas não acabou com o nosso ideário, o nosso legado, a História de nossas façanhas e comprometimento com nosso povo. Isto, não há tanques e tempo que possam apagar”, avalia Manoel.
Mais que um registro histórico, “Brava Gente – Edição Histórica – 60 anos do Golpe contra o Trabalhismo” é um manifesto de continuidade e resistência, um chamado para que as novas gerações se inspirem e atuem com base nos princípios trabalhistas que definiram o PDT.
A revista é um convite a todos os membros do partido e ao público em geral para refletir sobre a história e se engajar ativamente na construção de um futuro que honre o legado de João Goulart e de todos os que lutaram pela democracia e justiça social no Brasil.