Jornalista aponta alinhamento do presidente da República com fundamentos da ditadura brasileira
O jornalista mineiro Chizuo Osava, conhecido popularmente como Mário Japa, avaliou que o presidente Jair Bolsonaro representou a tentativa de reimplementação dos ideários antidemocráticos da ditadura militar. Para o signatário da Carta de Lisboa, o atual ocupante do Palácio do Planalto tem como parâmetro o general Emílio Médici, presidente da República durante os “anos de chumbo” do golpe militar.
“O governo Bolsonaro é a volta do poder militar sob nova institucionalidade. Eles não formulam, não tem teoria, mas a visão, a referência maior deles, é o período Médici”, disse o ex-membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Preso e torturado no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-COI) em 1970, Chizuo Osava, 77 anos, relatou ainda o processo de organização das forças de segurança para institucionalização da tortura.
“Criaram um corpo paralelo com licença para matar. […] Um organismo irregular, fora da hierarquia, e que envolvia polícias militares e civis, além de membros de todas as forças. Era a milícia do Exército”, detalhou o exilado, que retornou ao país após quase uma década em países da América Latina, Europa e África.
“Aí que você vê a obsessão do bolsonarismo com a questão das milícias”, acrescentou, em um paralelo com incidentes registrados atualmente no País.
Confira aqui a íntegra da entrevista.