Conheça o documentário que narra vida e luta da maior liderança negra do Brasil no século XX

Falar em Abdias do Nascimento é falar sobre a luta pela inclusão do povo negro e o combate à discriminação racial. A evolução da pauta no Brasil ao longo do século XX tem contribuição direta e incisiva do senador pedetista. Por meio da política, da educação e da arte, ele reivindicou o espaço da população afrodescendente enquanto viveu. Hoje, dia de sua morte, o PDT relembra a trajetória do pioneiro do Movimento Negro no Brasil por meio do documentário “Abdias: Raça e Luta”.

No filme biográfico está o marcante discurso feito no plenário do Senado, em março 1997: “Quando as nossas escolas ensinam apenas que o negro veio da África como escravo, cometem e perpetuam o crime de roubar de nossas crianças a sua própria história. Pois a história da África é a história do povo que durante quatro quintos de existência do Brasil constituiu mais de dois terços de sua população, e que ainda hoje compõe uma maioria minorizada. Até hoje nossos livros didáticos contam balelas como aquela de que o africano aceitava a condição escrava. Ora, a história da escravidão no Brasil é a crônica da constante e multifacetada resistência dos africanos”.

A postura aguerrida de Abdias na atividade legislativa se estendia por sua vida pessoal, como explicita o documentário. Em 1941 ficou preso no Carandiru por não aceitar ser discriminado. Da prisão preparou outro ato de resistência: plantou a semente do Teatro Experimental do Negro (TEN), criado logo em seguida no Rio de Janeiro. A iniciativa foi responsável por revelar os primeiros atores dramáticos negros do país, como a atriz Ruth de Souza.

É fundamental citar ainda a influência de Abdias do Nascimento na construção da Constituição Federal de 1988. Graças as suas discussões no Congresso Nacional, pela primeira vez na história do Brasil uma Carta Magna contemplou a natureza multicultual e poliétnica do país.

“Abdias: Raça e Luta” foi produzido pela TV Senado, em 2012. O filme, dirigido por Maria Maia, com produção de Cristina Monteiro, reúne depoimentos de lideranças negras da época como Eloi Ferreira de Araújo, então presidente da Fundação Palmares, e Elisa Larkin Nascimento, então diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO).

Assista o documentário abaixo.