Uniformidade midiática


Por Henrique Matthiesen
19/02/2018

O comportamento monopolista e uniforme dos meios de comunicação no Brasil tem sua gênese na formação de nossa classe dominante.

Os conceitos de cor, classe, preconceito e poder estão umbilicalmente ligados à imposição entre as diferentes classes, envolvendo os aspectos econômico, social, cultural e político, assim como ponderava Karl Marx na sua conceituação de luta de classes.

A junção das famiglie da Organização Globo, da Folha de São Paulo, do Estadão, da Veja, formam a espinha dorsal da uniformidade midiática que temos. As demais empresas de comunicação são apenas reprodutoras desse conglomerado.

Marca determinante do pensamento midiático é seu aspecto conservador elitista, porquanto a manutenção de seu status corpus de privilégios e de auto locupletação, por meio do Estado, são inegociáveis.

Dentre suas ações mais deletérias está a deturpação e grotesca manipulação da notícia, para o desígnio perverso de formação de opinião, que atenda seus respectivos interesses, muitos dos quais inconfessáveis.

Seu processo de assimilação conceitual objetiva o encabrestamento da opinião pública, para prosseguir com a segregação social perpetuante no Brasil, desde a capitania hereditária.

Não olvidemos que os barões midiáticos carregam, intrinsecamente em si, o preconceito racial, social e econômico. Ditam comportamentos e não existam em impor sua ideologia por meio da força. Vide o suicídio de Vargas, o golpe de 1964, e derrubada da presidente Dilma Rousseff.

A história brasileira ratifica, indubitavelmente, como age e como pensa a uniformidade midiática. Foram contra a abolição da escravatura, apoiaram a política do café com leite, se colocaram contra o Governo de Getúlio Vargas, se rebelaram contra os direitos trabalhistas, apoiaram o golpe parlamentarista contra a posse de Jango, e apoiaram os militares em 1964. Cresceram e se enriqueceram com as benesses dos governos dos generais, boicotaram o movimento das Diretas já, fabricaram Fernando Collor de Mello, e agora se aliaram às togas imorais e deram um novo golpe no Brasil.

A ficha corrida destas empresas familiares é extensa na conspiração contrária ao interesse pátrio, pois sofrem do mais perverso complexo de vira-latas.

São antinacionais e integristas.

Cometem os mais nefários crimes quando seus propósitos são contrariados e por tudo isso são temidas.

Afinal o brasileiro tem que pensar o que dita a uniformidade midiática, elitista neoliberal e classista das forças dominantes e predatórias de nosso desenvolvimento e soberania.

 

*Henrique Matthiesen é advogado e professor da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasquialini (FLB-AP).