“Um povo sem identidade está fadado ao término”


Wellington Penalva
08/08/2020

A afirmação é de Marcelo Monteiro, presidente do PDT Axé, durante o “Café com Lupi” deste sábado

Neste sábado, o “Café com Lupi” contou com a presença de dois presidentes nacionais de movimentos pedetistas: Marcelo Monteiro, do PDT Axé, e Ivana Groffi, do Ecotrabalhismo. A conversa entre o trio abarcou da tentativa de privatização da água no país ao preconceito e ataque sistemático aos povos e a cultura de matriz africana.

O ‘Novo Marco Legal do Saneamento Básico’, aprovado pelo Senado no final de junho, abriu espaço para a privatização da água no Brasil. O PDT foi contra e chegou a entrar com uma ação no STF para anular a decisão. Sobre o caso, Ivana explicou que o modelo privatista já foi tentado em outros lugares do mundo, sem sucesso. “Na Alemanha e na França já privatizaram a água, mas não deu certo e eles tiveram de voltar atrás”.

Pensando mais na questão da necessidade primária do recurso que pode ser explorado pela iniciativa privada, Lupi ponderou: “Vocês acham que alguma empresa privada vai investir se não tiver lucro? O único instrumento da sociedade para que a água chegue à população mais carente é o Estado tomar conta disso porque ele tem caráter social. O Estado tem que fazer o equilíbrio, a compensação, e levar água para quem não tem”.

Já a participação de Marcelo Monteiro esteve cheia de ancestralidade, do cenário às vestes do líder do PDT Axé. Ele lembrou que o movimento que preside é voltado para a defesa, o resgate e preservação das tradições culturais de matriz africana. “Um povo sem identidade está fadado ao término”, afirmou.

Marcelo falou também sobre a perseguição e a descaracterização da cultura de matriz africana no Brasil como grande risco à historicidade do povo. “Há um projeto para acabar com laicidade do Estado […] Hoje, o cara que deveria manter a tradição [dos povos de matriz africana] viva, está evangelizado”, alertou.

O presidente do PDT Axé também falou sobre o ataque a terreiros e centros religiosos e culturais. “A partir do momento que isso for considerado crime, não de intolerância religiosa, mas sim um crime contra a cultura de um povo que construiu esse país, as coisas vão mudar”, sentenciou Marcelo.

Confira abaixo tudo o que rolou no “Café com Lupi” deste sábado.