A semana que passou foi sacudida pela perturbadora divulgação da gravação de uma conversa nada republicana entre o sócio da JBS, Joesley Batista, e o presidente da República, Michel Temer. Foi estarrecedor ouvir um empresário, investigado pela maior operação anticorrupção da história do Brasil, relatar atos de corrupção ao representante do povo brasileiro, que na Presidência da República deveria zelar pela normalidade institucional, democracia e respeito às leis. O presidente em nenhum momento se mostrou pelo menos incomodado com as revelações. Fato gravíssimo.
Michel Temer prevaricou ao não comunicar os crimes que ouviu às autoridades judiciais, anuiu com a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e ainda cometeu crime financeiro ao dividir com o empresário as informações sigilosas sobre a política de juros do País. Não há condições legais, nem morais para que permaneça no cargo. Também não há condições políticas.
O crime de responsabilidade está claro, razão pela qual o PDT e outros cinco partidos de oposição apoiaram um pedido de impeachment protocolado na Câmara, na última quinta-feira (17).
A melhor saída, no entanto, é a renúncia. Deixar o cargo imediatamente poupa o País de uma crise prolongada, que penaliza toda a sociedade, porque fragiliza a economia, aumenta o desemprego e reduz a arrecadação dos estados e municípios, causando uma queda na oferta de serviços básicos como educação e saúde.
Mas não basta o presidente renunciar. O povo precisa escolher seu próximo representante e pôr fim à terrível crise política que vem tomando conta do Brasil. A queda de mais um presidente, em meio a denúncias generalizadas de corrupção, fortalece a perigosa ideia de que a política não é capaz de dar soluções aos problemas da sociedade.
É o momento de parar tudo e recomeçar sob o comando de um presidente que seja capaz de unir o País no voto e que tenha legitimidade para, por meio do diálogo, construir novamente os caminhos para o desenvolvimento inclusivo.
O presidente Michel Temer tem que renunciar pelo bem do Brasil. E pelo bem do Brasil, o povo precisa escolher o seu próximo presidente e voltar à normalidade da democracia.
*Weverton Rocha é deputado federal e líder do PDT na Câmara dos Deputados