José Bonifácio Ferreira Novellino é um quadro histórico do PDT e, atualmente, preside o partido no estado do Rio de Janeiro. Ex-prefeito do município de Cabo Frio, Bonifácio também já foi vereador e deputado estadual.
Em entrevista para o site da Fundação Leonel Brizola, Bonifácio relembrou sua trajetória política e falou da importância da educação e do engajamento da juventude para transformar o país.
Como se deu sua entrada na política e no PDT?
Na minha primeira eleição, para vereador, em 1976, eu concorri pelo MDB. Depois, houve o período da anistia e o retorno de Brizola e eu acompanhei o processo de retomada do PTB. Deu aquela confusão toda, a tomada da sigla por Ivete Vargas e a articulação para a criação do PDT. Não participei da formação do partido naquele momento. No meu segundo mandato como prefeito de Cabo Frio, em 1992, já me elegi pelo PDT. Depois fui deputado estadual, e, desde então, tenho trabalhado para fortalecer o partido no interior do estado do Rio. Meu papel é me deslocar até os municípios.
O que você destacaria em sua trajetória política?
Me orgulho muito de ter sido vereador. Foi um escola muito importante para mim, conhecer o parlamento municipal, ter um contato mais próximo com a população e acho que isso me ajudou muito como prefeito a não ficar preso em gabinete. Aonde tinha obra, eu tava ali com os operários acompanhando. O Parlamento é algo mais moroso, pois isso faz parte de uma decisão coletiva. O bom de um cargo no Executivo é poder colocar a mão na massa. Então, onde eu mais me realizei foi como prefeito.
No meu segundo mandato como prefeito, fui à Brizola e coloquei para ele o déficit educacional que existia. Naquela época, o governo do estado contribuía também com o ensino básico. E Brizola disse que construiria CIEPs em todos os terrenos de Cabo Frio em que tivesse disponibilidade. E, assim, nós erguemos três CIEPs, nas áreas mais carentes da cidade. O objetivo do CIEP era integrar a família do aluno, a comunidade. Infelizmente, foi abandonado. Nós vemos como o ensino público se deteriorou com o passar dos anos. Então, esse trabalho do Brizola pra educação tem reconhecimento. Hoje, no interior, as pessoas lembram muito o nome de Brizola.
Como reaproximar os partidos políticos da população?
O descrédito do eleitor na classe política hoje é muito grande. O PDT ainda é um pouco preservado disso. Mas o grande desafio é que há um número de asbtenções, nulos e brancos muito grande. Imagina que seis milhões de fluminenses não devem votar em ninguém para governador. O desafio é ocupar as redes sociais, levar uma mensagem à população de forma que a credibilidade seja reestabelecida.
Imagina o desastre que será para o Brasil que o segundo turno da eleição seja entre a centro-direita e a extrema direita. Se isso acontecer, será uma responsabilidade nossa, de todas as esquerdas. Então, seria muito importante que a gente conseguisse se unir.
Qual recado você deixaria para a juventude do PDT?
O papel da juventude é fundamental para a democracia brasileira. Quando vejo jovens, filhos de amigos meus, dizendo que vão votar em Bolsonaro, eu fico pensando onde que errei. É fundamental que os jovens voltem a pensar que eles podem, sim, mudar. Foi por eu acreditar, ainda jovem, num projeto de mudança, que muitas coisas aconteceram.
Se um jovem manifesta o desejo da participação política, vai ser desestimulado. Sempre chamo os pais e avós para uma reflexão: se você desestimula ele de entrar para a vida pública, o espaço não vai ficar vazio. Se não for por jovens de bem e com uma boa formação, vai ser por algum pilantra que quer levar vantagem e enriquecer ilicitamente. Essa é uma reflexão que a gente precisa fazer.
Acredito na força da sociedade. Não acredito em salvador da pátria, naquele que diz que sozinho vai tirar o Brasil da crise, isso é balela, discurso para enganar o eleitor. Tem gente querendo enfraquecer a democracia, fazer apologia da ditadura. É fundamental que a gente não deixe a democracia se enfraquecer.