Babalaô também efetivou sua filiação com apoio de movimentos e lideranças políticas e sociais
Com a presença de lideranças sociais e políticas, o babalaô e Ivanir dos Santos efetivou, nesta sexta-feira (1), sua filiação ao PDT e a pré-candidatura ao Senado Federal pelo PDT do Rio de Janeiro. O ato foi realizado na sede da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), no Centro do Rio de Janeiro (RJ), e transmitido pelo Facebook.
Através do diálogo e da inclusão pelo PDT e movimentos sociais, Ivanir, que é um expoente no combate ao racismo e na defesa de direitos humanos, almeja intensificar, no parlamento, a defesa da liberdade e da democracia.
“Ninguém é nada sozinho. Essa união representa uma força muito grande. Por isso, eu sou uma construção coletiva. O caminho é improvável, mas estamos cumprindo uma missão”, afirmou, ao contar sua trajetória de vida.
Abordando o legado do ex-governador Leonel Brizola nas comunidades, o pós-doutor salientou que o líder pedetista teve “coragem para fazer diferente”.
“Sou muito comprometido. Em 82, fiz a campanha de Leonel Brizola. Foi a primeira vez, publicamente, que ouvi: ‘os negros serão respeitados’. Ele foi o primeiro branco antirracista desse país. Nas comunidades, Brizola vive”.
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, explicou que a chegada de Ivanir representa uma atitude para “quebrar barreiras”.
“É um orgulho contar com você nas nossas fileiras. Sua história simboliza a batalha do trabalhismo, em conjunto com o povo, para mudar o nosso país”, disse, ao valorizar a primeira pré-candidatura apresentada para análise interna do partido.
“Não vão nos calar. A força da nossa voz e origens será respeitada. Vamos sobreviver porque temos raízes. É a libertação!”, acrescentou.
O presidente nacional do PDT Axé, Marcelo Monteiro, salientou que a movimentação simboliza uma pluralidade fundamental.
“Não queremos ser toleradas. Nós queremos respeito! A gente precisa, neste momento, ser abençoado por todas as lideranças de raízes africanas do estado. Nosso povo de Axé está na luta! Ancestrais, como Abdias do Nascimento, Edialeda Nascimento e Carlos Alberto Caó, estão aqui presentes”, pontuou.
Para o deputado federal Paulo Ramos, o “PDT é o mais legítimo partido político da defesa das raízes africanas”.
“O partido sempre teve os melhores quadros, como o Abdias Nascimento. Ele gritaria Axé, com força, se estivesse aqui. [..] Estamos atravessando um momento dos maiores retrocessos. É uma luta racista inaceitável e parte, diretamente, do ainda mandatário da nação”, lembrou, ao criticar a gestão da Fundação Palmares.
Vereador de Niterói, Binho criticou a gestão estadual ao mostrar a relevância de alternativas qualificadas, não só no Executivo, mas também no Legislativo.
“O estado do Rio precisa novamente de políticas para o povo. Sua pré-candidatura é uma opção efetiva para ajudar neste resgate. Tem total legitimidade para enfrentar as nossas batalhas, como a educação“, afirmou, ao exaltar a liderança de Carlos Lupi e o crescimento da sigla em todo o país.
Ao abordar a questão da transversalidade entre gênero e raça, a deputada estadual Martha Rocha também ratificou a história trabalhista.
“Temos muito orgulho de todos que nos antecederam. Com essa história, é uma satisfação poder contar com a força do Ivanir”, concluiu.
O evento contou ainda com a presença de outras lideranças nacionais e estaduais, incluindo o deputado federal, David Miranda, o presidente do PDT na capital, Augusto Ribeiro, o vice-presidente nacional do Movimento Negro, Luiz Eduardo (Negrogun), e o produtor cultural e fundadores da Central Única das Favelas – CUFA, Anderson Quack.
Vida popular
Defensor das religiões de raízes africanas, o pedetista é morador da Mangueira, na Zona Norte e construiu sua trajetória em ações de destaque no estado, como a implantação da primeira Secretaria de Direitos Humanos, a interlocução da Anistia Internacional e a articulação do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas.
Pós-doutor em História Comparada, Ivanir atua há mais de 40 anos no Movimento Negro, onde também acumula marcantes contribuições, como na implementação da Lei Caó (7.716/89), que levou o nome do autor: deputado federal pedetista Carlos Alberto Caó. Considerada um marco, incluiu, na Constituição, o inciso que estabelece que racismo é crime inafiançável e imprescritível.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou a tese sobre “interfaces políticas e sociais das religiões de matrizes africanas, no Rio de Janeiro, contra os processos de intolerância religiosa”.