Série: O que há com a Educação brasileira?


Da Redação
09/07/2023

A educação trabalhista como instrumento de libertação e promoção de cidadania

 

Na quinta edição da entrevista com a Prof. Dra. Maria Amelia, presidente nacional do Movimento Trabalhista Pela Educação (MTPE), a educação trabalhista é o cerne. Ela explica que, com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas implantou um modelo educacional voltado às classes trabalhadoras. Nesse período foi criado o Ministério da Educação e Cultura, capitaneada pelo educador baiano Anísio Teixeira.

De acordo com a educadora pedetista, as bases do PDT se alimentam desse momento histórico em que se iniciou um projeto educacional contra a desumanização dos trabalhadores. Assim, o partido apresenta em sua história experiências como os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e mantém o MTPE como braço da luta por políticas públicas que promovam uma educação libertadora.

Confira abaixo a quinta parte da entrevista com a presidente nacional do MTPE.

 

Como é a relação do PDT, desde sua origem, com a área da Educação? Quais as contribuições do partido com o setor ao longo desses 43 anos?

Importante iniciar esta resposta trazendo a educação e o Trabalhismo como entendimento e relação fulcral. Como questão de fundamento, coloco a educação trabalhista no centro da discussão.

Ao realizarmos uma volta ao passado, tomo por cerne a educação dos trabalhadores e sua relação com a educação trabalhista ao longo da nossa história colonial, patriarcal, escravista, para entendermos os avanços produzidos pelo Trabalhismo de Vargas.

O Trabalhismo que se afirma com Getúlio Vargas, a partir da Revolução de 1930, se concretiza como movimento ideológico-político ao desagregar os poderes das oligarquias nacionais rurais, com suas bases principais em São Paulo, e criar de imediato o Ministério do Trabalho e Emprego, para logo depois criar o Ministério de Educação e Cultura, entregando a função de ministro ao grande educador baiano Anísio Teixeira.

Getúlio Vargas traz em si a promessa pelos direitos do trabalhador. Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira já entendiam que o fosso das desigualdades, social e cultural no Brasil, residem na estrutura de formação de nossa identidade. Essas identidades são forjadas em meio às culturas de cada um de nós, propiciando apreender e ler o mundo ao redor. Isso se dá a partir dos modos e conteúdos de conhecimentos que se oferecem ao povo brasileiro em sua totalidade.

A educação trabalhista está presente, historicamente, nos fundamentos políticos do PDT, na medida em que se situa, em seus limites, contra os processos de “desumanização” que atingem os trabalhadores. Processo que atualmente se agrava através da crise do capital no mundo e que se reforça na atualidade brasileira. Esta é a luta sempre presente: educar para o trabalho decente e para a vida coletiva prazerosa.

Impossível esquecer que, no Brasil colonial, a mercadoria prevalente que circulava entre Europa e Américas, através do Oceano Atlântico, se constituía em mercadoria humana. Mercadoria prevalente nas trocas comerciais, de modo a fornecer escravos africanos sequestrados para servirem à diversidade do trabalho braçal em terras das Américas, durante séculos.

Uma ferida aberta nas Américas e motivo das lutas trabalhistas por uma educação crítica das políticas existentes, na qual o PDT e o que Movimento Trabalhista pela Educação se propõe continuamente a intervir, fazendo a diferença. Efetivar com presteza uma escola de educação integral, em tempo integral, para todo povo brasileiro.

É possível afirmar que a virada da importância governamental em relação a educação no Brasil se dá no interior dos pressupostos que fundaram a criação do Trabalhismo e do PDT, estendendo-se os projetos das várias iniciativas exitosas, como a da criação dos CIEPs, das Brizoletas e demais ações educacionais de peso político e econômicos realizadas pelo PDT.