Revelações dos relatórios da CIA: A engrenagem americana no Golpe de 1964


Wellington Penalva
17/05/2024

Documentos expostos pelo PDT revelam o papel decisivo dos EUA na deposição de Jango

 

Documentos publicados na edição especial da revista Brava Gente, “Sessenta anos do golpe contra o Trabalhismo”, lançam luz sobre a profunda influência dos Estados Unidos no golpe de 1964 que depôs João Goulart, presidente do Brasil. Estes relatórios da CIA, agora publicamente expostos, detalham o envolvimento direto e meticuloso do governo americano em apoio às forças que se opunham ao presidente trabalhista, evidenciando uma intrincada teia de interesses políticos e econômicos.

Os relatórios descrevem como as autoridades americanas planejaram e executaram ações para fortalecer grupos anti-trabalhistas, sob a falsa bandeira do combate ao comunismo, desde a logística de envio de armas até o suporte estratégico para movimentos de insurgência.

O documento mais impactante talvez seja uma comunicação interna que sugere que o embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, coordenou esforços para posicionar armas contra o litoral brasileiro, um dia antes do golpe, a fim de assegurar o sucesso das operações militares golpistas. Esse planejamento cuidadoso reflete o temor de Washington de que as políticas de Jango pudessem limitar o acesso americano ao mercado brasileiro.

Além disso, os relatórios indicam uma sincronia entre as elites brasileiras e estrangeiras, unidas no objetivo de interromper as reformas de base de Goulart, que prometiam redistribuir riqueza e poder. Este alinhamento de interesses revela uma conspiração que transcendeu fronteiras nacionais, focada em manter a situação econômica e política na América Latina.

Curiosamente, uma pesquisa do IBOPE da época, não divulgada publicamente, mostrou que cerca de 70% da população brasileira apoiava o governo Jango e suas políticas trabalhistas. Esta aprovação popular contradiz a narrativa propagada pelos golpistas de que Goulart era um líder isolado e impopular.

Publicados pelo Centro de Memória Trabalhista (CMT), braço da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) do PDT, esses documentos resgatam um capítulo crucial da história brasileira e servem como um chamado à reflexão sobre a soberania nacional e a integridade democrática.

O golpe de 1964 continua a ser um lembrete doloroso de como forças externas e internas podem manipular o destino de uma nação. Conhecer esses eventos passados é essencial para a construção de um futuro em que a vontade do povo e a verdadeira democracia prevaleçam sobre interesses ocultos e agendas estrangeiras.