Reestatizar a Embraer

Inventar soluções para assaltar os céus no país de Santos Dumont

Ao criticar as empresas aéreas brasileiras por preferirem comprar aviões estrangeiros num país em que milhares de trabalhadores da Embraer, construtora de aviões, estão sob ameaça de serem enxotados para a amargura do desemprego, o presidente Lula, sem dizer, está indicando a clara necessidade de controle público sobre as empresas estratégicas.

É clamoroso! O povo brasileiro foi o acionista originário na criação da Embraer. Com seus recursos, sua poupança interna, construiu-se uma das mais modernas empresas de aeronáutica do mundo, com a participação de instituições estatais como a Aeronáutica, o ITA, o BNDES, as universidades públicas brasileiras. Como estatal ela consolidou-se, qualificou-se, demonstrando que empresas estatais podem sim - como a Petrobrás o demonstra sobejamente - vencer as barreiras do desigual jogo de poder mundial que inclui a dependência tecnológica. A Vale do Rio Doce - criada por Vargas em 1942 - também venceu adversidades de um mundo controlado pelos conglomerados imperialistas. Mas, foi doada na bacia das almas.

Como foi possível então à Embraer vencer tantas adversidades e agora, depois que a empresa foi privatizada por vassalagem ao poder externo, ser condenada por esta administração irresponsável ao risco de encolhimento, desqualificação, esvaziamento e talvez da sua inviabilização em razão de uma crise criada pela delinqüência financeira neoliberal que escondem sob a máscara técnica de desregulamentação?

Compramos aviões de fora, mas eles não compram os daqui

Lula não falou, mas insinuou: como fazer para que as empresas aéreas que operam no Brasil prefiram aviões de fabricação nacional, como seria lógico, gerando a demanda interna, sustentando os empregos de milhares, alavancando o progresso tecnológico ainda maior da Embraer? Antes de tudo, é necessário que este setor estratégico esteja sob controle público. Na crise, a franqueza é incontornável. Sob controle das normas selvagens do mercado o que ocorre é esta tragédia de permitir a demissão massiva, o engrossar das filas da criminalidade social, da desesperação coletiva, simplesmente porque as empresas brasileiras não compram aviões brasileiros!

Além deste absurdo inominável, há quem admita como lógicos os argumentos do proprietário da Embraer que com a maior das insensibilidades, beirando o cinismo, diz: o mercado externo cancelou as compras, não podemos fazer nada. O mercado externo não compra a produção brasileira, mas o mercado interno compra a produção estrangeira, gerando empregos e renda lá fora, e desemprego e pobreza aqui dentro! Esta gente está brincando com fogo!!! Já não se lembram do Caracazzo em 1989 na Venezuela, estopim de um processo revolucionário? Já não pensam mais no Tacão de Ferro de Jack London?


Se o presidente fosse outro, daqueles juraram destruir a Era Vargas - quando foram gerados um novo estado, leis trabalhistas, mercado interno com o salário mínimo, industrialização, instrumentos como o BNDES e centros tecnológicos que mais tarde seriam a plataforma para o nascimento da Embraer, sob a condução de militares de espírito nacionalista e vocação para a soberania - aí seria inevitável prever a preparação do esquartejamento e mais tarde sepultamento de uma empresa do porte da Embraer, uma conquista nacional. Afinal, já houve presidente que eliminou a marinha mercante, arrasou a indústria naval, demoliu os centros de pesquisas em telecomunicações fazendo com que o Brasil retrocedesse de exportador de tecnologias sofisticadas em telefonia para importador de peças e serviços, sendo os engenheiros brasileiros rebaixados à humilhante função de “bordadeiras eletrônicas”, apertador de parafusos. Engenheiros qualificados que há haviam construído uma Embraer!


 

A recuperação da indústria naval é exemplo

Mas, com Lula não. Lula ama o Brasil. Com ele é possível sim prever outro desfecho para esta crise. Ele está reconstruindo a indústria naval, está recuperando - embora lentamente - as ferrovias demolidas pela privataria. Ele trabalha como construtor do Brasil, é um filho do Brasil, uma espécie de síntese do que somos como brasileiros. Da mesma maneira que está recuperando setores demolidos, com esta mesma maneira de pensar, não pode permitir agora, em seu governo, que a Embraer seja demolida. Sim, porque o raciocínio do herdeiro da privatização-desnacionalização da Embraer só tem no horizonte o mercado externo! Mas, se nem Obama sabe o tamanho da crise!!! Se estão programando a estatização nada mais nada menos do que do emblemático City Bank, por que razão a Embraer só pode ter como atitude de reação à crise esperar que o mercado externo se recupere um dia qualquer e , enquanto isto, guilhotinhar os trabalhadores???

A sinalização do presidente Lula é correta. Sinaliza, com o investimento recorde da Petrobrás por exemplo, para um maior protagonismo de estado na reconstrução da indústria naval brasileira. O mesmo critério deve ser aplicado na indústria aeronáutica: o estado pode criar a demanda interna para os aviões da Embraer, seja induzindo sua compra pelas empresas já em operação, como faz a Azul, seja criando uma empresa pública de aviação capaz de fazer frente à enorme demanda social reprimida por transportes aéreos num país de dimensões continentais!

 

A Embraer e a América Latina

Há ainda outra demanda potencial: o mercado da integração latino-americana, onde vários países estão recuperando o controle nacional sobre suas riquezas, estão empreendendo a industrialização, estão programando o desenvolvimento econômico. A Argentina renacionalizou a Aerolíneas , privatizada na Era Menen, mas não possui atualmente - já teve na época de Perón - uma indústria aeronáutica com capacidade de abastecer seu mercado interno. A Venezuela também renacionalizou a Viasa, que havia sido privatizada e depois submetida a falência programada pelo neoliberalismo em favor das empresas oligpólicas que controlam o mercado aéreo internacional. Há um mercado potencial ali.

Se a Embraer é hoje a única empresa aeronáutica consolidada, tecnologicamente qualificada na América Latina, por que não pode direcionar sua produção para as necessidades desta nova América Latina que reescreve sua história, que redesenha seu mapa geopolítico? Integração é isso aí: a Venezuela compra 100 milhões de litros de etanol por ano do Brasil. Agora anuncia que irá produzir o etanol em seu próprio território, em cooperação com Cuba, e com o concurso de tecnologia moderna comprada no Brasil. `Por que não ampliar esta integração para a esfera aeronáutica? O Brasil compra grande quantidade da uréia da Venezuela, compra eletricidade da Usina de Guri para Roraima, compra gás da Bolívia para as indústrias paulistas: por que a Embraer, ao invés de reduzir a produção, desqualificar seus quadros técnicos e degolar trabalhadores, não pode ser recuperada para o controle público tal como era quando nasceu e ser submetida a uma política estratégica de produção voltada ao abastecimento da demanda interna e também do mercado latino-americano? Ambos baseados em compras estatais, impulsionando a integração defendida pela Unasul. Por que a Embraer pode nascer estatal, qualificar-se como estatal e agora, diante de adversidades e do colapso das políticas neoliberais, não pode novamente voltar ao controle público? Até o Obama está estatizando!


 

Reaparelhar a frota da Aeronautica

Os brasileiros que foram capazes de gerar um genial Santos Dumont e inventar o avião poderiam, finalmente, com a criação de uma Aerobrás, ter acesso a um transporte moderno, seguro e de qualidade, com a aviação sendo popularizada, barateada, multiplicada por todas as regiões do país , alcançando também cidades de médio e pequeno porte. Mas, além desta demanda, hoje socialmente reprimida, há outra demanda inadiável que desponta pela fala do Comandante da Aeronáutica que, em depoimento prestado no Congresso Nacional afirmou, para espanto geral, que 63 por cento das aeronaves de sua corporação não estão em condições de voar. Ou seja, a própria modernização da frota da Aeronáutica, pelo seu porte, já constitui um mercado capaz de manter a Embraer em pleno vigor, além de ser o reaparelhamento de nossas forças armadas, também afetadas pela era da demolição do estado, uma necessidade imperiosa e inadiável, sobretudo num mundo de sombras e tensões cada dia mais complexas.-
 

O Brasil respondeu á crise de 1929 com a Revolução de 30, com um novo Estado, um processo de industrialização, o controle sobre suas riquezas naturais, uma legislação trabalhista introdutora de direitos laborais, o nascimento de sua universidade pública, a criação dos centros de pesquisas e, sobretudo, instrumentos que ainda resistem e operam ante os desafios desta crise atual, especialmente o BNDES, a Petrobrás, a Eletrobrás etc. Esta crise deve nos encorajar a pensar num modelo de estado ainda mais à altura dos desafios de uma crise mais profunda e complexa do que aquela do século passado, desenhado a partir do debate democrático.

Certamente, não será permitindo o desmonte da Embraer, a degola de técnicos competentes e a demissão massiva que estaremos construindo alternativas seguras para enfrentar a crise. A alternativa é a nacionalização da Embraer, conversão de sua produção para o mercado interno e latino-americano, o aprofundamento das medidas de cooperação regional, e, também, a criação de uma Aerobrás, popularizando o transporte aéreo, com cobertura verdadeiramente nacional, a multiplicação de aeroportos. Por fim, o reaparelhamento da Aeronáutica é questão de soberania nacional, sendo simplesmente absurdo admitir a linha de encolhimento e desqualificação de uma indústria aeronáutica diante de tão gritantes necessidades já expressas pelo Brigadeiro Junit.

Os Brasileiros inventaram Santos Dumont, este inventou o avião. Agora nós temos que inventar as políticas públicas que permitam a não demolição da Embraer. Para isto, tal como na inapagável página da nossa História, a Campanha “O petróleo é nosso” , que fez nascer a Petrobrás, é urgente agora a união de sindicatos de trabalhadores, militares nacionalistas, donas-de-casa, intelectuais, movimento estudantil, artistas e igreja populares, em apoio à nacionalização da Embraer. Um movimento vigoroso capaz de apoiar e levar o Governo Lula a implementar no setor aéreo, o mesma linha de recuperação nacional que está presente tanto na indústria naval como no setor ferroviário.

 

O jornalista Beto Almeida é Correspondente da Telesur no Brasil e presidente da TV Comunitária de Brasília

Inventar soluções para assaltar os céus no país de Santos Dumont

Ao criticar as empresas aéreas brasileiras por preferirem comprar aviões estrangeiros num país em que milhares de trabalhadores da Embraer, construtora de aviões, estão sob ameaça de serem enxotados para a amargura do desemprego, o presidente Lula, sem dizer, está indicando a clara necessidade de controle público sobre as empresas estratégicas.

É clamoroso! O povo brasileiro foi o acionista originário na criação da Embraer. Com seus recursos, sua poupança interna, construiu-se uma das mais modernas empresas de aeronáutica do mundo, com a participação de instituições estatais como a Aeronáutica, o ITA, o BNDES, as universidades públicas brasileiras. Como estatal ela consolidou-se, qualificou-se, demonstrando que empresas estatais podem sim – como a Petrobrás o demonstra sobejamente – vencer as barreiras do desigual jogo de poder mundial que inclui a dependência tecnológica. A Vale do Rio Doce – criada por Vargas em 1942 – também venceu adversidades de um mundo controlado pelos conglomerados imperialistas. Mas, foi doada na bacia das almas.

Como foi possível então à Embraer vencer tantas adversidades e agora, depois que a empresa foi privatizada por vassalagem ao poder externo, ser condenada por esta administração irresponsável ao risco de encolhimento, desqualificação, esvaziamento e talvez da sua inviabilização em razão de uma crise criada pela delinqüência financeira neoliberal que escondem sob a máscara técnica de desregulamentação?

Compramos aviões de fora, mas eles não compram os daqui

Lula não falou, mas insinuou: como fazer para que as empresas aéreas que operam no Brasil prefiram aviões de fabricação nacional, como seria lógico, gerando a demanda interna, sustentando os empregos de milhares, alavancando o progresso tecnológico ainda maior da Embraer? Antes de tudo, é necessário que este setor estratégico esteja sob controle público. Na crise, a franqueza é incontornável. Sob controle das normas selvagens do mercado o que ocorre é esta tragédia de permitir a demissão massiva, o engrossar das filas da criminalidade social, da desesperação coletiva, simplesmente porque as empresas brasileiras não compram aviões brasileiros!

Além deste absurdo inominável, há quem admita como lógicos os argumentos do proprietário da Embraer que com a maior das insensibilidades, beirando o cinismo, diz: o mercado externo cancelou as compras, não podemos fazer nada. O mercado externo não compra a produção brasileira, mas o mercado interno compra a produção estrangeira, gerando empregos e renda lá fora, e desemprego e pobreza aqui dentro! Esta gente está brincando com fogo!!! Já não se lembram do Caracazzo em 1989 na Venezuela, estopim de um processo revolucionário? Já não pensam mais no Tacão de Ferro de Jack London?


Se o presidente fosse outro, daqueles juraram destruir a Era Vargas – quando foram gerados um novo estado, leis trabalhistas, mercado interno com o salário mínimo, industrialização, instrumentos como o BNDES e centros tecnológicos que mais tarde seriam a plataforma para o nascimento da Embraer, sob a condução de militares de espírito nacionalista e vocação para a soberania – aí seria inevitável prever a preparação do esquartejamento e mais tarde sepultamento de uma empresa do porte da Embraer, uma conquista nacional. Afinal, já houve presidente que eliminou a marinha mercante, arrasou a indústria naval, demoliu os centros de pesquisas em telecomunicações fazendo com que o Brasil retrocedesse de exportador de tecnologias sofisticadas em telefonia para importador de peças e serviços, sendo os engenheiros brasileiros rebaixados à humilhante função de “bordadeiras eletrônicas”, apertador de parafusos. Engenheiros qualificados que há haviam construído uma Embraer!


 

A recuperação da indústria naval é exemplo

Mas, com Lula não. Lula ama o Brasil. Com ele é possível sim prever outro desfecho para esta crise. Ele está reconstruindo a indústria naval, está recuperando – embora lentamente – as ferrovias demolidas pela privataria. Ele trabalha como construtor do Brasil, é um filho do Brasil, uma espécie de síntese do que somos como brasileiros. Da mesma maneira que está recuperando setores demolidos, com esta mesma maneira de pensar, não pode permitir agora, em seu governo, que a Embraer seja demolida. Sim, porque o raciocínio do herdeiro da privatização-desnacionalização da Embraer só tem no horizonte o mercado externo! Mas, se nem Obama sabe o tamanho da crise!!! Se estão programando a estatização nada mais nada menos do que do emblemático City Bank, por que razão a Embraer só pode ter como atitude de reação à crise esperar que o mercado externo se recupere um dia qualquer e , enquanto isto, guilhotinhar os trabalhadores???

A sinalização do presidente Lula é correta. Sinaliza, com o investimento recorde da Petrobrás por exemplo, para um maior protagonismo de estado na reconstrução da indústria naval brasileira. O mesmo critério deve ser aplicado na indústria aeronáutica: o estado pode criar a demanda interna para os aviões da Embraer, seja induzindo sua compra pelas empresas já em operação, como faz a Azul, seja criando uma empresa pública de aviação capaz de fazer frente à enorme demanda social reprimida por transportes aéreos num país de dimensões continentais!

 

A Embraer e a América Latina

Há ainda outra demanda potencial: o mercado da integração latino-americana, onde vários países estão recuperando o controle nacional sobre suas riquezas, estão empreendendo a industrialização, estão programando o desenvolvimento econômico. A Argentina renacionalizou a Aerolíneas , privatizada na Era Menen, mas não possui atualmente – já teve na época de Perón – uma indústria aeronáutica com capacidade de abastecer seu mercado interno. A Venezuela também renacionalizou a Viasa, que havia sido privatizada e depois submetida a falência programada pelo neoliberalismo em favor das empresas oligpólicas que controlam o mercado aéreo internacional. Há um mercado potencial ali.

Se a Embraer é hoje a única empresa aeronáutica consolidada, tecnologicamente qualificada na América Latina, por que não pode direcionar sua produção para as necessidades desta nova América Latina que reescreve sua história, que redesenha seu mapa geopolítico? Integração é isso aí: a Venezuela compra 100 milhões de litros de etanol por ano do Brasil. Agora anuncia que irá produzir o etanol em seu próprio território, em cooperação com Cuba, e com o concurso de tecnologia moderna comprada no Brasil. `Por que não ampliar esta integração para a esfera aeronáutica? O Brasil compra grande quantidade da uréia da Venezuela, compra eletricidade da Usina de Guri para Roraima, compra gás da Bolívia para as indústrias paulistas: por que a Embraer, ao invés de reduzir a produção, desqualificar seus quadros técnicos e degolar trabalhadores, não pode ser recuperada para o controle público tal como era quando nasceu e ser submetida a uma política estratégica de produção voltada ao abastecimento da demanda interna e também do mercado latino-americano? Ambos baseados em compras estatais, impulsionando a integração defendida pela Unasul. Por que a Embraer pode nascer estatal, qualificar-se como estatal e agora, diante de adversidades e do colapso das políticas neoliberais, não pode novamente voltar ao controle público? Até o Obama está estatizando!


 

Reaparelhar a frota da Aeronautica

Os brasileiros que foram capazes de gerar um genial Santos Dumont e inventar o avião poderiam, finalmente, com a criação de uma Aerobrás, ter acesso a um transporte moderno, seguro e de qualidade, com a aviação sendo popularizada, barateada, multiplicada por todas as regiões do país , alcançando também cidades de médio e pequeno porte. Mas, além desta demanda, hoje socialmente reprimida, há outra demanda inadiável que desponta pela fala do Comandante da Aeronáutica que, em depoimento prestado no Congresso Nacional afirmou, para espanto geral, que 63 por cento das aeronaves de sua corporação não estão em condições de voar. Ou seja, a própria modernização da frota da Aeronáutica, pelo seu porte, já constitui um mercado capaz de manter a Embraer em pleno vigor, além de ser o reaparelhamento de nossas forças armadas, também afetadas pela era da demolição do estado, uma necessidade imperiosa e inadiável, sobretudo num mundo de sombras e tensões cada dia mais complexas.-
 

O Brasil respondeu á crise de 1929 com a Revolução de 30, com um novo Estado, um processo de industrialização, o controle sobre suas riquezas naturais, uma legislação trabalhista introdutora de direitos laborais, o nascimento de sua universidade pública, a criação dos centros de pesquisas e, sobretudo, instrumentos que ainda resistem e operam ante os desafios desta crise atual, especialmente o BNDES, a Petrobrás, a Eletrobrás etc. Esta crise deve nos encorajar a pensar num modelo de estado ainda mais à altura dos desafios de uma crise mais profunda e complexa do que aquela do século passado, desenhado a partir do debate democrático.

Certamente, não será permitindo o desmonte da Embraer, a degola de técnicos competentes e a demissão massiva que estaremos construindo alternativas seguras para enfrentar a crise. A alternativa é a nacionalização da Embraer, conversão de sua produção para o mercado interno e latino-americano, o aprofundamento das medidas de cooperação regional, e, também, a criação de uma Aerobrás, popularizando o transporte aéreo, com cobertura verdadeiramente nacional, a multiplicação de aeroportos. Por fim, o reaparelhamento da Aeronáutica é questão de soberania nacional, sendo simplesmente absurdo admitir a linha de encolhimento e desqualificação de uma indústria aeronáutica diante de tão gritantes necessidades já expressas pelo Brigadeiro Junit.

Os Brasileiros inventaram Santos Dumont, este inventou o avião. Agora nós temos que inventar as políticas públicas que permitam a não demolição da Embraer. Para isto, tal como na inapagável página da nossa História, a Campanha “O petróleo é nosso” , que fez nascer a Petrobrás, é urgente agora a união de sindicatos de trabalhadores, militares nacionalistas, donas-de-casa, intelectuais, movimento estudantil, artistas e igreja populares, em apoio à nacionalização da Embraer. Um movimento vigoroso capaz de apoiar e levar o Governo Lula a implementar no setor aéreo, o mesma linha de recuperação nacional que está presente tanto na indústria naval como no setor ferroviário.

 

O jornalista Beto Almeida é Correspondente da Telesur no Brasil e presidente da TV Comunitária de Brasília