Todos sabem que foi um conhecido Francis “Chico” Bacon, com sua frase icônica – saber é poder –, que marcou o período da idade moderna ou a tal da modernidade, celebrada especialmente pelo século XX. O moderno passou a ser a crença na racionalidade. Com ela, começou a prevalecer a convicção do surgimento de um homem melhor, civilizado, sempre educado.
Longe do homem ser um lobo caçando o próprio lobo, digo, caçando e explorando o próprio homem. A civilização, resultado do conhecimento iluminista, seria o encontro da quase perfeição do homem, graças ao conhecimento científico racional. A sociologia e a filosofia não ficaram atrás. Como resultado desse conhecimento, os homens construíram normas e conceitos de ética e moral para organizar e humanizar o convívio entre os homens. Elevando-os do fundo da caverna escura da ignorância, colocando todos no exercício do livre arbítrio. A ética surge como expressão prática da moral e assume o status de base e fundamento da metafísica dos valores e costumes de um povo.
– Assim falou Zaratustra!
– Não.
–Assim falou Kant, com seu absoluto imperativo categórico.
A história pois do homem seria uma linha reta da revelação progressiva da verdade. O obscurantismo seria desvelado com a luz do conhecimento científico que libertaria a humanidade da condição de escravo da fé e do fanatismo religioso. Mas que nada.
Depois da Primeira Guerra Mundial, ainda veio a Segunda Guerra, que foi de 1939 a 1945, com milhões de mortes como resultado da irracionalidade que surge da racionalidade bélica industrial nazista. Inaugurada em 1933, com a chegada de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, depois de usar o ambiente instável criado pelo Tratado de Versalhes para instigar na população alemã o seu adormecido instinto bárbaro. Graças a Deus, no caminho, apareceu o encontro dos três grandes: Churchill, Roosevelt e Stalin para derrotar a loucura da irracionalidade.
Depois dessa fase com uma vasta bibliografia, indispensável para ser lida nessa fase estressante de confinamento contra o coronavírus, surge a contestação das virtudes da modernidade. Aparece, o que passou a ser teorizado como o período pós moderno. O que se passou a chamar até de corte epistemológico do conhecimento (Althusser) e corte pós modernidade (Foucault). Etc.
Dando um salto, devemos agora, em abril de 2020 do século XXI, estar vivendo o período pós da pós-modernidade. Porque a certeza da ciência se surpreendeu com a incerteza diante da vida e da morte. A morte nunca esteve tão presente em nosso cotidiano. Sem guerra bélica, mas numa guerra invisível de vírus e bactérias, que o “conhecimento é poder” possa vencer.
A temeridade que vivemos hoje, sem toques e encontros físicos, pode se aplicar muito bem àquela frase que marca essa atualidade de uma Guerra Mundial contra a colonização irracional do que prometia a ciência que procurou se colocou no lugar de Deus: “Deus está morto. Marx está morto. E eu também não estou me sentindo muito bem.”
Talvez seja por isso que Santo Agostinho, certa vez, chamou os cientistas e filósofos de pretensiosos: ” Vós, os soberbos!”