O conhecido Manifesto dos Coronéis derrubou o ministro do Trabalho do último governo Vargas. Uma década depois, os militares derrubaram o presidente da República
Um prelúdio do golpe de 1964: assim pode ser chamado o 22 de fevereiro de 1954. Era a primeira vez que João Goulart perdia um posto por ação dos militares; neste caso, o de ministro do Trabalho.
Coronéis e tenentes-coronéis da ala conservadora do Exército publicaram um manifesto com duras críticas à proposta de aumento de 100% do salário mínimo, apresentada por Jango. O presidente Vargas não teve escolha, exonerou o jovem ministro. Goulart não sabia, mas acabava de ter uma pequena prova do que lhe aconteceria 10 anos à frente.
Naquele 22 de fevereiro, Getúlio Vargas foi impelido a destituir seu ministro – precisava amansar a oposição feroz e conspiradora para impedir um provável golpe. A manobra política foi feita, porém o pai do trabalhismo não negaria sua ideologia. No dia 1º de maio, Vargas anunciou o aumento do salário mínimo, nos termos indicados por Jango. A medida incendiou a oposição e, como esperado, a caserna.
Todos os golpes sofridos por Jango ao longo de sua trajetória política recaem sobre a sua luta pelo trabalhador, pela distribuição da riqueza nacional e pela justiça social. Se 1964 foi o ano em que o trabalhismo sofreu seu pior golpe, sem dúvida o Manifesto dos Coronéis e o 22 de fevereiro de 1954 foram o pontapé inicial para a era mais obscura da história recente brasileira: a ditadura militar.