PDT lança coleção de “Tijolaços” na celebração do centenário de Leonel Brizola


Da Redação
02/05/2022

Dividido em quatro cadernos, conjunto de artigos foi organizado pelo Centro de Memória Trabalhista

Na celebração do centenário de nascimento de Leonel Brizola, o PDT lançou os dois primeiros cadernos da coleção completa dos “Tijolaços” neste domingo,  1º de maio, na sede nacional, em Brasília (DF). Assinado pelo fundador e presidente de honra do partido entre as décadas de 80 e 90, o conjunto de artigos fez história ao ser publicado em diversos jornais de amplitude nacional.

Dividido em quatro volumes, os textos do herói da pátria foram organizados pelo Centro de Memória Trabalhista (CMT) a partir do resgate e organização de todo o conteúdo, que marcou o período de redemocratização do país e resistência do Trabalhismo contra o dissonante neoliberalismo.

No primeiro caderno, o público poderá acompanhar, em 287 páginas, o posicionamento pedetista sobre temas que estavam em evidência e precisavam ganhar o necessário contraponto. Como exemplos, a estruturação e crescimento do partido, o sistema político, a política econômica e a educação pública.

Com o título “O que é o PDT?”, o “Tijolaço” de 8 de novembro de 1985 abordava a origem do movimento político-social que, “ao definir sua doutrina, seu programa e questionar o futuro, assume, antes de tudo, uma consciência em relação à História e à formação” não só do cidadão, mas também da nação.

“O trabalhismo foi o movimento que unificou, pela primeira vez em nossa história, o povo trabalhador, que é a sua base social, e a imensa maioria da população brasileira: dos marginalizados às classes médias e aos profissionais e pequenos e médios empresários, do campo e das cidades”, descreveu.

“O futuro próximo demonstrará que a causa da democracia socialista, como a da República no fim do século passado, representa o novo em nosso País e na América Latina, isto é, um regime democrático pluralista, sob a égide do Estado de Direito, com a hegemonia de um partido socialista, democrático, como instrumento da vontade nacional”, completou.

Na edição de 1º de fevereiro de 1987, o tema central foi a instalação da Assembleia Nacional Constituinte e a expectativa de valorização do interesse popular. A atuação da comissão resultou na criação, em 1988, da “Constituição Cidadã”, símbolo do processo de redemocratização nacional após 21 anos de regime militar e afastamento do presidente da República, João Goulart (Jango).

“Só alcançaremos os níveis superiores de vida a que temos direito se cuidarmos, prioritariamente, da situação de nosso povo. Pois, é com ele, e somente com ele, que conseguiremos ser uma Nação desenvolvida e digna de ser vivida por todos os seus filhos”, projetou.

Em uma abordagem direta e enfática do então governador do Rio de Janeiro, em 8 de março de 1987, exaltou a criação de mais de 500 Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e o consequente legado para o futuro de todos os fluminenses.

“O problema das nossas crianças está acima da chamada economia, dos déficits, da dívida externa, da crise e de tudo o mais que vem ocupando espaços e preocupações. Em qualquer Nação que se preze, nada mais pode valer a pena quando as crianças degeneram e sucumbem devastadas pela miséria e o abandono”, manifestou.

Ao prever o impacto negativo do próximo governo, liderado por Moreira Franco, Brizola indicava a ampliação dos ataques às intervenções pedetistas, principalmente no âmbito da educação pública. Ao longo das suas duas gestões, ele enfrentou a política tradicional, que mergulha o “povo no atraso e no subdesenvolvimento para que uma minoria o domine e o explore”.

“Os CIEPs, como instituição, representam verdadeiramente algo de novo, constituindo-se mesmo numa verdadeira revolução da escola pública, na medida em que questiona, por dentro, essa realidade social injusta, desumana e impatriótica. Estas novas escolas proporcionarão às nossas crianças alimentação completa, aulas, a segunda professora que os pobres nunca tiveram, esporte, lazer, material escolar, assistência médica e dentária. Depois de permanecer todo o dia no colégio voltam, de banho tomado, para o carinho da família”, detalhou.

“Os CIEPs são um documento vivo, um símbolo de nossas vontades e de nossa caminhada, ombro a ombro, com o nosso povo. Destes Centros Integrados sairão os homens e mulheres do futuro. Aqueles que irão fazer, neste País, tudo aquilo que não pudemos ou não tivemos coragem de fazer”, concluiu.

Constituindo novas batalhas

No segundo caderno, com 219 páginas, o editorial produzido por Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, ressalta a “revolução continuada” de Brizola após a primeira saída do Palácio Guanabara, em 1987. Em um período constituinte, os textos ratificam as raízes trabalhistas em pontos determinantes para a soberania e progresso do Brasil.

Brizola acrescentou, segundo Lupi, “uma espécie de síntese final do seu pensamento, em que ele colocava as questões nacionais em evidência”. Na promoção do pensamento trabalhista antes do retorno ao governo, em 1991, potencializou sua atuação na “defesa da Petrobrás, dos direitos dos trabalhadores e de um projeto de Nação”.

“A virada do século já estava no horizonte; e, como resultado da enorme escalada neoliberal enfrentada pelo Brasil, nossas maiores riquezas estavam sendo leiloadas nas Bolsas de Valores pelo mundo. Então, Brizola utilizou este espaço – os tijolaços – nos veículos de comunicação para aprofundar suas denúncias contra estas elites”, explicou.

“Um discurso atualíssimo sobre a defesa intransigente dos valores nacionais e do povo menos favorecido. Importante ressaltar: pensamentos que até hoje se tornam necessários em debates – o que confirma que Brizola sempre foi um homem à frente do seu tempo”, acrescentou.

Em 7 de junho de 1987, o fundador do PDT abordou a importância da retomada das publicações para garantir uma informação esclarecedora para os cidadãos de todo o país.

“Retomo, com esta publicação, o meu compromisso de levar à opinião pública esclarecimentos e análises sobre a vida de nosso País, especialmente o dever, que sempre me impus, de estar ao lado de nosso povo. Esta coluna é o resultado da soma de esforços de muitos companheiros”, declarou Brizola.

Na semana seguinte, em 14 de junho de 1987, o pedetista criticou a realidade imposta pelo governo Sarney a partir de ações neoliberais.

“Esta situação deprimente a que chegamos – o nosso País frente ao mundo e nós todos, aqui dentro, como gado para o matadouro. […] Retrocedeu-se, em poucos meses, como era de se esperar, à inflação galopante – 30% ao mês –, a este ambiente vergonhoso para o nosso País e a este quadro de angústias e sofrimentos indescritíveis para a população”, condenou.