Fundadora do partido, a socióloga construiu legado de luta em prol da democracia e das mulheres
Uma vida dedicada ao progresso da democracia e dos direitos das mulheres. Combativa, a socióloga Lícia Peres superou desafios para acumular, ao longo de 77 anos, vitórias nos campos da política e do social. Entre os destaques apresentados na nova edição da cartilha “Memórias Trabalhistas”, que foi lançada pelo Centro de Memória Trabalhista (CMT), a contribuição para a fundação do PDT ao lado de Leonel Brizola, bem como o fortalecimento da Ação da Mulher Trabalhista (AMT).
Oriunda de Salvador (BA) e falecida em 2017, a feminista era uma militante que enfrentou incessantemente a ditadura militar iniciada, em 1964, com o golpe contra o então presidente João Goulart. Como um dos reveses causados pelo posicionamento firme da sua família, viu seu marido, o vereador Glênio Peres, ser cassado pelos militares após a posse na Câmara Municipal de Porto Alegre, em 1977.
Ao classificá-la como “uma guerreira e uma mulher à frente do seu tempo”, o presidente nacional do partido e ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse que “resgatar sua memória é uma justa homenagem para que as novas gerações conheçam esta figura ímpar do Trabalhismo”.
“Grande nas ideias, grande no compromisso popular, grande na defesa do trabalhador e no projeto nacional. Era uma mulher com princípios éticos, ideológicos, morais e com muito compromisso com o povo”, comentou Lupi.
“Quando Glênio Peres foi vice-prefeito de Porto Alegre na chapa com Alceu Collares, não se aquietou um minuto sequer em defesa do projeto que acreditava: de ajudar a educação e os menos favorecidos”, completou.
Enaltecendo a contribuição das mulheres brasileiras, o secretário-geral do partido e presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), Manoel Dias, reforçou as fundamentais trincheiras de lutas de Lícia, incluindo no Movimento Feminino pela Anistia, que entraram para a história do país “com a firmeza de suas convicções e a garra de sua militância”.
“A memória é fundamental para servir de referência, pois pessoas como Lícia Peres dão sentido à nossa luta, na perseverança de continuarmos ousando, sonhando e lutando pelo Brasil soberano, justo e desenvolvido para o nosso povo”, avaliou.
Presidente da AMT e vice-presidente nacional do PDT, Miguelina Vecchio indicou que a “homenagem não fala somente da história de uma mulher combativa e determinada em suas lutas”, pois evidencia “a própria história do partido e dos movimentos populares de resistência”.
“A questão da representatividade se expressou na habilidade de agregar conhecimento, ideias e atitudes que, pelo reconhecimento, a tornou porta-voz de mulheres e homens. Ainda num cenário tão machista, Lícia demonstrou grande determinação e competência para ocupar espaços significativos. Identificamos, em sua história, o protagonismo em espaços do Partido, em organizações internacionais, em fóruns e em movimentos populares”, concluiu.
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