“Há exatos 37 anos (1980), na cidade do Rio de Janeiro, liderados pelo companheiro Leonel Brizola, nós criamos o PDT”, contou o secretário-geral do partido e presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), Manoel Dias, ao ratificar a importância da sigla na história nacional.
Na entrevista, Dias, que foi ministro do Trabalho e Emprego, destacou que a proposta trabalhista foi instrumento fundamental em diversos momentos, começando na Revolução de 30, com o presidente Getúlio Vargas, que imprimiu na sua gestão a modernização. “Saímos de um país que era uma fazenda para um Brasil moderno e industrializado. Nesse processo, incluo a criação das grandes empresas que, ainda hoje, são fundamentais para o nosso desenvolvimento, como a Petrobras, Telebras e Vale”, pontuou.
Para ele, o PDT representa a continuidade das lutas históricas do Trabalhismo contra a direita neoliberal, que representa os interesses internacionais, dos bancos e da elite. “De um lado, os interesses de uma pátria soberana e livre a partir de uma proposta que tem lado: o do trabalhador, dos excluídos e dos pobres. Do outro lado, o grande capital, especialmente o capitalismo financeiro, que, historicamente, não só no Brasil, em todo mundo, continuam tendo um poder excepcional com a manipulação dos meios de comunicação para contaminar e controlar a opinião popular”, ponderou.
Golpes
Ao analisar a situação política nacional, Dias criticou a fragilidade da democracia brasileira a partir da ocorrência de ataques que violam a escolha dos eleitores e direitos históricos. “Nós acabamos de assistir mais um golpe. Dessa vez não foi militar, mas eletrônico. Começou pela deposição da presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente pelo povo, e, agora, estão desconstruindo o nosso país através de medidas enviadas pelo governo ilegítimo do Michel Temer”, disse, ao relatar os impactos negativos das reformas trabalhista e previdenciária.
Nesse sentido, o pedetista indica que chegou o momento de promover um profunda reflexão sobre o atual momento do Brasil, principalmente após os escândalos que envolvem a cúpula do Palácio do Planalto. “Perdemos em 54, em 64 e agora, em 2016. Para resistir, a população deve entender o processo, o porquê de não ter educação, saúde, emprego, salário. Se ela não compreende as causas que determinam isso, não vai saber reagir à manipulação empreendida pelas grandes mídias”, completou.
Organização
Como resposta efetiva, ele informa que o PDT tomou a decisão de investir e priorizar a organização dos núcleos de base. Segundo o dirigente, já foram criadas algumas ferramentas que já utilizam a plataforma online, com destaque para a Universidade aberta Leonel Brizola e a Rádio Legalidade. “Com elas, nós alcançamos o povo na ponta. Ao fazer o núcleo na rua, na periferia, na fábrica, na escola ou na igreja, surgem locais para receber as mensagens e interagir via debates. Assim, vamos seguir fortalecidos na batalha para defender e garantir um país soberano, democrático e socialista”, garantiu.
Eleições
Na defesa de eleições gerais e diretas em função da consequente queda de Temer, Dias projetou a pré-candidatura de Ciro Gomes a presidente da República, que mostra um alinhamento com os ideais brizolistas. “Ele é um homem preparado e com propostas. Além disso, destaco duas virtudes: primeiro a coragem, pois sem isso não se enfrenta a potência do esquema que está controlando a nação. Segundo é ser decente e honesto. Ciro, de todos os políticos tradicionais que poderão disputar, é o único que não tem envolvimento com corrupção. São predicados fundamentais”, avaliou.
Na projeção sobre a forma de governar, o presidente da FLB-AP afirmou que Ciro precisará de uma base que entenda as iniciativas para fazer uma reforma financeira. “Trabalhadores e empresários atuam só para pagar juros da dívida. São R$ 500 bilhões, por ano, de um montante que ninguém sabe mais se existe ou não”, concluiu.