O parlamento europeu foi tema da palestra do professor Olivier Costa, da Fundação Jean Jaurès, do Partido Socialista francês, fez em São Paulo na última terça-feira (11/12) no Novo Hotel Jaraguá – dirigida aos representantes das fundações de formação política do PDT, PT, PMDB, PSB e PC do B. O evento foi uma iniciativa dos dirigentes da Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores, e da Fundação Jean Jaurès, do PS francês.
O PDT participou representado pelo presidente nacional da Fundação Leonel Brizola Alberto Pasqualini (FLB-AP), Manoel Dias, pelo secretário executivo da Universidade Leonel Brizola, Leonardo Zumpichiati; e mais os presidentes das seções paulista e fluminense da FLB-AP, deputado Geraldo Vinholi e jornalista Osvaldo Maneschy.
O objetivo principal do seminário foi passar para os representantes dos partidos brasileiros que integram a base do Governo Lula detalhes do funcionamento do parlamento europeu, a história de sua formação e, também, fazer um paralelo com o Parlamento do Mercosul. A partir de 2010 começa a funcionar plenamente o Parlamento do Mercosul, a partir da escolha pelo voto direto, em todos os países que integram o Mercosul, de seus representantes para atuar no também chamado ParlaSul.
Olivier Costa, representante da Fondation Jean Jaurès fez palestra durante a manhã sobre o tema O processo de Formação e as Formas de Atuação das Famílias Políticas no Âmbito da União Européia. Ao longo de três horas de palestras, seguida de perguntas, Olivier Costa explicou a origem da comunidade Européia a partir do pós-guerra de 1946, os avanços progressivos da construção da União Européia a partir de um primeiro acordo comercial sobre aço e carvão, a designação dos primeiros deputados europeus pelos partidos e nações, a constituição do Parlamento Europeu, a construção de blocos políticos dentro desse parlamento, a atuação dos lobies; e mais detalhes técnicos de como se desenvolve a campanha eleitoral para o parlamento da União Européia.
Falou também sobre o poder e a influencia das grandes empresas junto a esses deputados, como as decisões transnacionais são tomadas em Bruxelas, sede política da União Européia, qual é a rotina do Parlamento europeu, como é feita a campanha eleitoral.
Costa respondeu a todas as perguntas dos presentes, detalhadamente, analisando inclusive o poder e o avanço das políticas neoliberais na Europa, a partir das decisões transnacionais adotadas em Bruxelas , complementadas pelas decisões da Comissão Executiva.
Na parte da tarde, em palestra do Deputado Dr. Rosinha, do PT, foi explicado aos presentes todos os detalhes do próximo funcionamento do Parlamento do Mercosul, assemelhado ao Parlamento europeu, uma discussão que poucos conhecem e assunto que a imensa e esmagadora maioria da população desconhece.
Dr. Rosinha explicou os passos da criação do parlamento do Mercosul e disse aos presentes de sua preocupação porque hoje poucos sabem que já em 2010 os eleitores brasileiros elegerão, alem de senadores e deputados para atuarem em Brasília, deputados para atuarem no Parlamento do Mercosul.
Ainda na parte da tarde, após almoço, foram discutidas pelos presentes as perspectivas de formação e atuação das famílias políticas no âmbito do Mercosul, através de intervenções de Nilmário Miranda, vice-presidente da Perseu Abramo; Manoel Dias, presidente da Leonel Brizola-Alberto Pasqualini; João Henrique Souza, da Fundação Ulysses Guimarães; Adalberto Monteiro, presidente do Instituto Maurício Grabois, do PC do B; seguidas de debates com a participação de todos os presentes.
Na sua intervenção, Manoel Dias destacou que ao contrário da Europa, onde os grandes assuntos estão praticamente resolvidos, na América do Sul tudo ainda há tudo por fazer. Argumentou que enquanto crianças européias dispõem de excelente educação, as da América do Sul ainda morrem de fome. São realidades diferentes e temos que levar isto em conta na questão do ParlaSul.
Manoel Dias acrescentou: Nós, sul-americanos, temos que nos unir nesta questão até porque, pelo que foi exposto pelo professor Olivier Costa, ficou claro que as políticas neoliberais tiveram amplo apoio e incentivo a partir do Parlamento europeu; situação que não podemos aceitar, de forma alguma, que se repita aqui na América Latina.
Manoel considera fundamental que os partidos de esquerda se unam para que o Parlamento Sul não seja progressivamente fortalecido em detrimento das questões nacionais, para aplicar no plano macro decisões do interesse das multinacionais em detrimento dos povos sul-americanos.