Os resultados que emergem das urnas, neste ano eleitoral, trazem algumas surpresas profundamente preocupantes e algumas obviedades, dificilmente entendidas, mas emergencialmente necessárias.
Nós, trabalhistas, ou compreendemos – definitivamente que somos um partido que tem em sua gênese a luta de classes – e que o requisito essencial para enfrentá-la é a organização social e a politização do povo, ou entraremos em processo de extinção.
Não temos mais, fisicamente, líderes como Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, os agentes aglutinadores das massas e, consequentemente, nossos guias incontestes dos pêndulos da balança entre o capital e o trabalho e na luta pela emancipação de nosso povo e pela sua libertação das amarras colonialistas, mas carregamos em nossa História de quase um século a referência de um passado glorioso, onde o povo trabalhador sempre foi o centro das causas e das lutas brasileiras.
O Partido Democrático Trabalhista precisa organizar a massa trabalhadora – órfã de sonhos, projetos e perspectivas – a qual está entregue às narrativas da disputa do poder pelo poder, que apenas ratifica a exploração das classes marginalizadas, manipuladas e exploradas pelo grande capital.
Legitimamos este sistema ao não cumprirmos nossa tarefa mais importante: a organização do povo para sua própria libertação. Não há outro caminho. Não há atalhos. Não há fórmulas mágicas. Só a nucleação do nosso partido e da sociedade brasileira para sua própria libertação. É preciso compreendermos a realidade brasileira e o porquê de tudo que acontece ao nosso redor. Precisamos questionar, precisamos nos mobilizar e precisamos lutar para que este ciclo perverso se encerre.
A história é farta destes exemplos. O Partidos dos Trabalhadores, de hoje, é resultado da nucleação social; assim como as grandes mudanças emancipatórias ocorridas ao longo dos anos e ao redor do mundo são frutos da organização e da politização de seu povo.
Outro fator que o pleito de 2022 traz e que precisamos refletir é sobre a crítica udenista, despolitizada e desqualificada da qual sempre fomos vítimas. O discurso de detergente da história é a mais pura narrativa direitista e lacerdista.
Brizola, líder trabalhista e fundador do PDT, sempre fez as mais ácidas críticas aos seus adversários políticos através de o viés ideológico e progressista, sem se deixar cooptar pela armadilha hipócrita e do discurso dos limpinhos e higienizados.
Quem tem projeto e História, tem raiz não se utiliza destes subterfúgios. Esta não é e nunca foi a estratégia política e ideológica da nossa corrente política, pois compreendemos o processo histórico e a necessidade que nosso país tem em avançar em nossos pilares: desenvolvimento econômico, justiça social e soberania nacional.
O crescimento da extrema-direita neste pleito é a demonstração do retrocesso e do perigo eminente para o nosso País. Não tenhamos dúvida, de que Bolsonaro e sua turma são o oposto àquilo que é o verdadeiro Trabalhismo. São a nossa antítese.
O Trabalhismo sempre lutou pela legalidade, pela democracia, pela representação do Estado Democrático de Direito e pela dignidade da pessoa humana. Não há outra alternativa e não há possibilidade para titubear em momentos decisivos. Que as respostas das urnas sejam compreendidas, e que, nós, pedetistas, possamos enfim organizar nosso povo e que o nosso projeto de nação e de emancipação volte a fazer do nosso Brasil, um país mais justo, digno e soberano.
*Manoel Dias é secretário-geral nacional do PDT, presidente nacional da Fundação Leonel Brizola Alberto Psdqualini (FLB-AP) e ex-ministro do Trabalho e Emprego