Depois da declaração da assessora de um ministro do atual governo federal: “É bom que as mortes se concentrem entre os idosos… Isso melhorará nosso desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit previdenciário”, não podemos esperar mais nada, principalmente os idosos que são abandonados pelos filhos e familiares nos asilos nesta pior fase da pandemia da Covid-19 no Brasil e no mundo.

As queixas dos idosos que estão esquecidos nos asilos, principalmente daqueles que lhes deram a vida e agora, em troca, é que eles não recebem sequer um telefonema. São deixados por filhos, familiares e amigos que não voltam mais nem para uma visita; principalmente dos filhos que estão interessados em administrar as suas pensões e aposentadorias.

Muitas dessas casas de idosos são, apenas, pequenos e modestos empreendimentos privados pelos quais seus proprietários auferem renda. Para isso, apropriam-se das aposentadorias, pensões e outros benefícios dos internos; muitas vezes, manipulando diretamente os cartões bancários de seus “clientes” e a generosidade da comunidade envolvidas em campanhas beneficentes.

Outras instituições manifestam o resultado de um “espírito filantrópico” que se imaginou auto-suficiente. Nesses casos, a boa intenção costuma ser rapidamente ultrapassada pelas carências e dificuldades oferecidas aos próprios internos por conta da ausência absoluta de qualquer profissionalismo, seja na administração das Casas, seja no cuidado com os idosos. Tanto numa quanto noutra situação, o que temos são depósitos de pessoas desassistidas.
Atualmente, 77% dos asilos estão na rede filantrópica, segundo dados do Ipea.

O poder público oferece poucas opções de acolhimento a idosos e o serviço no País depende da rede filantrópica, aponta o Ipea. Segundo a pesquisa, 83.870 idosos vivem em asilos, sendo que 76,8% dos acolhidos nessas instituições estão na rede filantrópica. A pública ou mista atende a apenas 5,5%. No Canadá, 31 idosos abandonados foram encontrados mortos num asilo.