A reforma da Previdência, proposta pelo governo ilegítimo, tem como objetivo central penalizar o trabalhador brasileiro e impelir a privatização.
A correlação do tempo de contribuição com a formalização das relações de trabalho é diretamente influenciada pelo crescimento econômico. Nas regiões mais empobrecidas temos, ainda, mais um fator de desequilíbrio: a formação profissional.
Como consequência desta equação temos que, ao preponderar o aumento do tempo de contribuição – 15 para 25 anos -, milhares de trabalhadores, ao final de suas vidas laborais, não terão qualquer proteção previdenciária!
O crime de colocar idade mínima em um universo desigual como o Brasil significa, por exemplo, que um trabalhador rural no norte e nordeste, cuja expectativa de vida é de 65 anos, jamais obterá o direito à aposentadoria; assim como as mulheres – que têm, no mínimo, dupla jornada – com o argumento desavergonhado e pascácio de direitos iguais.
Diferentemente dos privilégios de precoces aposentadorias de políticos, magistrados, membros do Ministério Público, aposentadorias especiais, na sonegação etc.
Raciocinar situações desiguais em um critério igual é má fé e execrável.
Esquecem-se dolosamente que as contribuições sociais sobre o lucro líquido, PIS, Confins, contribuição patronal, contribuição dos trabalhadores, do setor público, o regime geral, mais do que pagam as despesas. Na verdade, usam o dinheiro da Previdência para fazer o ajuste fiscal.
Não podemos mais sermos reféns dos bancos que enxergam o sistema previdenciário, não como proteção social, mas sim como um plano de capitalização.
A falsa argumentação do déficit de nossa Previdência resulta de manipulação contábil, que encobre a política governamental e origina desvios de receitas da Seguridade Social.
Escondem ainda os verdadeiros interesses de reduzir as despesas previdenciárias para abastecerem os juros da dívida pública, e empurrarem os trabalhadores aos planos privados de previdência.
O governo evita mexer nos privilegiados e retrocede aos tempos escravocratas.
Mais uma vez querem que o trabalhador pague a conta.
*Manoel Dias é ex-ministro do Trabalho e Emprego, atual Presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini e Secretário-Geral Nacional do PDT.