Na última quarta-feira, 1º de maio, foi comemorado o Dia do Trabalhador. Mas, longe de apenas celebrar as conquistas por melhores condições de trabalho, a data é uma oportunidade para refletir sobre a presença de mulheres em cargos de liderança e nos espaços de poder. Quantas têm posição de destaque no seu círculo profissional ou pessoal? Como são encorajadas a ascender às altas cúpulas e/ou a permanecer nelas?
Os questionamentos se fazem necessários por um simples motivo: em pleno século 21 a participação feminina ainda é fortemente marcada pela discriminação e pela exploração. Apesar de mais escolarizadas, as mulheres têm menos oportunidades de trabalho e recebem salários inferiores aos dos homens, mesmo em funções equivalentes.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Deloitte, empresa global de consultoria e auditoria, apenas 6% de CEOs no mundo são mulheres. O estudo publicado no mês passado mostra que, apesar do avanço da representatividade feminina – que saltou de 0,8% para 2,4% no Brasil, em 2023-, dificilmente a equidade de gênero será atingida antes de 2038, conforme aponta o levantamento.
Outro dado que chama atenção é o período de tempo que elas permanecem nos cargos. Em média, as mulheres ficam quatro anos como membro de conselhos, dois a menos que os homens, por exemplo.
Assim como no setor empresarial, na política a presença feminina também é discreta. Apenas 17% do parlamento brasileiro é ocupado por mulheres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se analisado em âmbito municipal, este índice cai para 16,1% e para 12,1% no caso de prefeituras, considerando-se a taxa nas eleições de 2020.
Neste paradigma, torna-se urgente a fomentação de estratégias de diversidade e de inclusão que minimizem este cenário. E que atinjam todos os segmentos, seja no setor privado, na política ou na magistratura, como fez recentemente, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) ao aprovar uma resolução afirmativa de gênero para a eleição de integrantes do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE) na classe juiz de Direito, titulares e substitutos.
Mas, não bastam políticas de inclusão ou de cotas. É preciso estimular o crescimento e a participação efetiva feminina nos centros de decisão e de poder para que seu papel não se resuma a mera figura simbólica ou mesmo uma marionete dentro da correlação de forças nos contextos político e/ou empresarial. Afinal, é chegado o tempo de avançar das políticas afirmativas para transformativas e humanizantes.
Leonel Brizola, ícone do trabalhismo brasileiro e um dos fundadores do PDT, dizia que “não é possível conceber o trabalhismo se não for num ambiente democrático e numa sociedade pluralista, no sentido de não haver exclusão de ninguém”. Então, sob os ideais de quem defendeu com afinco a justiça social, que a força da mulher ocupe, verdadeiramente, os espaços públicos e privados.
*Isabella de Roldão é a primeira vice-prefeita eleita do Recife, ex-vereadora e presidente municipal do PDT