Em entrevista exclusiva ao Cafezinho, a Delegada Martha Rocha, deputada estadual pelo PDT e pré-candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro, deixou bem clara sua posição para 2020.
“Não serei vice de ninguém. Não dá pra se chamar pra uma conversa sob a perspectiva de que outro será seu vice. Por isso falo de “contrato de adesão”. Por isso, quero dizer: hoje, o PDT terá uma candidata e ela será Martha Rocha. Estou à disposição do PDT. Se houver uma mudança nesse contexto, que não acredito que haverá, (…) acho que o PDT terá que arranjar outra pessoa para ser vice. Eu não serei vice de ninguém. Mas respeito e acho que todas as candidaturas são legítimas”.
O destinatário de Martha, embora ela sempre tenha cuidado de não personalizar a crítica, é obviamente o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), também pré-candidato à prefeitura do Rio, e que tem feito uma intensa articulação para que haja uma candidatura única da esquerda em 2020.
O canal A Trinca, em parceria com o Cafezinho, entrevistou Marcelo Freixo há alguns meses.
“É legítimo ao Brizola Neto, ao Alessandro Molon, ao Marcelo Freixo, como é legítimo à Martha Rocha ter sua candidatura. Não vejo nada de irregular nisso. Só digo que em algumas tentativas de articulação, a proposta que se traz nunca é a proposta de olhar para o outro como o titular da campanha”, ponderou a deputada.
Martha, no entanto, elogiou o PSB e o PCdoB, pela “capacidade de diálogo”:
“Acho que esses três partidos, PSB, PCdoB e PDT, pelo menos sinalizam uma capacidade de diálogo. Porque o que vemos em outros cenários é mais ou menos um contrato de adesão. ‘Vem pra cá’, mas na condição de uma adesão. ‘A titularidade é minha’, dizem. Não é isso que queremos construir. Queremos construir uma ponte de conversa e acho que esses três partidos, por si só, têm na sua história uma capacidade de interlocução e estão tentando construir um cenário que seja diferente”.
Martha criticou a postura do prefeito de Marcelo Crivella no caso da Linha Amarela. O prefeito mandou destruir os equipamentos da concessionária da Linha Amarela, encampando à força as praças de pedágio, que passou a não mais ser cobrado.
“Eu quero saudar a memória de Brizola, que não permitiu que se tivesse qualquer tipo de pedágio na Linha Vermelha”, explicou a deputada.
Ela se dispôs a rever a existência do pedágio na Linha Amarela, mas dentro dos marcos do “Estado democrático”, respeitando as decisões do Poder Judiciário e os procedimentos adequados para cancelamento de contratos.
“Nós podemos até analisar essa possibilidade de não ter o pagamento de um pedágio, de uma tarifa, seja lá o que for, mas não da maneira como a prefeitura conduziu. No meu modo de ver, foi uma condução eleitoreira, porque ele achou que isso lhe renderia votos, e a gente vive um sentimento de insegurança jurídica. Quem é que vai querer firmar qualquer tipo de contrato com uma prefeitura que resolve a seu modo tomar as suas decisões?”, opinou a deputada.
Sobre a possibilidade da eleição municipal se polarizar excessivamente, sobretudo após a aparente determinação do presidente Jair Bolsonaro de lançar um partido novo, e ter um candidato muito próximo às suas ideias no Rio de Janeiro, a deputada declarou o seguinte:
“Eu não tenho medo da polarização da campanha. Não tenho medo disso, até porque tenho muito orgulho do candidato do PDT, que é Ciro Gomes, e não tenho menor dúvida que Ciro, se eleito, transformaria esse país. (…) Agora, quero dizer o seguinte: quero olhar para a cidade, quero ser um candidato que apresentará propostas para a cidade. Mesmo que de alguma maneira, nessa análise que você bem colocou, que essa eleição possa ser polarizada, na minha campanha eu vou estar discutindo a cidade do Rio de Janeiro”.
Neste link, você poderá ler a transcrição completa da entrevista.
Abaixo, o vídeo da entrevista: