Uruguai vela a perda do escritor e poeta Mario Benedetti
Um dos nomes mais reconhecidos da literatura latino-americana morreu no domingo de insuficiência renal
MONTEVIDÉU – O corpo do escritor uruguaio Mario Benedetti está sendo velado na sede do Congresso em Montevidéu, a capital do país. Estão presentes ao velório várias personalidades da cultura uruguaia e também o presidente Tabaré Vasquez. Benedetti, um dos escritores uruguaios mais reconhecidos na América Latina, morreu no domingo em sua casa, aos 88 anos, após uma carreira literária de seis décadas.
Benedetti tinha sido internado num hospital particular no final de abril, em função de uma doença intestinal crônica, e os médicos lhe deram alta em 6 de maio.
“Aparentemente ele estava melhorando; os médicos diziam que estava se recuperando. Por isso, sua morte nos pegou de surpresa”, comentou seu irmão Raúl a um canal de televisão local.
“Quando lhe deram alta, parecia que ele estava melhor, tinha certa consciência, respondia quando lhe faziam perguntas”, afirmou o irmão, falando dos últimos dias de vida do aclamado escritor.
Após a notícia do falecimento, familiares e amigos começaram a chegar à casa do poeta, no centro da capital uruguaia, cidade que Benedetti sempre mencionava em seus escritos.
Segundo a imprensa local, Benedetti, que em 1999 recebeu o Prêmio Rainha Sofia de Poesia e em 2005 o Prêmio Menéndez Pelayo, morreu de insuficiência renal.
O escritor começou sua carreira literária em 1949 e trabalhou também como jornalista, funcionário público e vendedor. No ano passado, foi internado várias vezes por problemas intestinais e respiratórios.
Após a morte de sua esposa Luz em 2006, com a qual ficou casado 60 anos, sua saúde começou a se deteriorar.
Mario Benedetti era um dos últimos representantes da chamada “geração de 1945”, à qual também pertenciam Juan Carlos Onetti e a poeta Idea Vilariño, que morreu há poucas semanas, aos 89 anos.
Desde longe
O escritor, que nasceu em 14 de setembro de 1930 no departamento de Tacuarembó, no norte do Uruguai, exilou-se durante a ditadura que governou o país de 1973 a 1985, vivendo em Madri por boa parte desse período, durante o qual os simpatizantes da esquerda foram perseguidos, presos e, em dezenas de casos, assassinados.
Vários de seus poemas, escritos durante a ditadura e nos últimos anos, foram dedicados a vítimas da repressão militar, como o senador de esquerda e amigo íntimo Zelmar Michelini, sequestrado e morto em Buenos Aires em 1976.
Benedetti ficou famoso em 1956 com a publicação de “Poemas de la Oficina”, sobre a rotina do trabalho.
Apesar de ter sido um poeta reconhecido, seu romance “La Tregua” foi traduzido para 19 idiomas e levado ao cinema e ao teatro. Desde 1992 ele publicou quase um livro por ano, e até pouco tempo atrás estava trabalhando sobre um livro de poemas que pretendia intitular “Biografía para Encontrarme