O primeiro resultado concreto da reunião realizada ontem em Brasília na sede nacional do PDT para discutir realidades e perspectivas do Brasil com a participação de intelectuais com expressiva atuação na vida social é que, a partir do mês que vem, encontros semelhantes serão realizados se possível todo mês pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) para que o partido discuta sempre e fique permanentemente atualizado com a realidade brasileira, informou Manoel Dias, presidente nacional da FLB-AP.
À convite do PDT compareceram ao encontro que durou cerca de quatro horas, entre outros, os jornalistas Mauro Santanyanna e Beto Almeida; e os professores José Salomão Amorim, Ronaldo Conde de Aguiar e Helio Doyle; além de dirigentes do partido, da Universidade Leonel Brizola e da própria fundação de estudos políticos do PDT.
Nas quatro horas do encontro – interrompidas apenas por um espaço de 20 minutos para almoço – os convidados puderam expressar o que pensam sobre a atual conjuntura política e econômica brasileira em uma conversa aberta com a participação de todos. Experiências políticas, vivências e maturidade para o tratamento com as coisas públicas, além de militância partidária – tudo com forte teor de observação do cotidiano brasileiro – foram os assuntos que pautaram, o encontro.
Perguntado sobre a fórmula sob a qual é administrado politicamente o Brasil, o escritor, sociólogo e autor de livros sobre Getúlio Vargas, Ronaldo Conde Aguiar, disse que o país precisa se reencontrar consigo mesmo e mudar o rumo, analisando seus erros e acertos.
A próxima reunião deverá se dar na segunda quinzena de Julho seguindo a mesma fórmula utilizada nesta edição “uma conversa franca, aberta e pautada pela democracia e liberdade de expressão”, disse o jornalista Leite Filho responsável pela articulação do evento que foi presidido por Manoel Dias e transmitido ao vivo pela radiolegalidade.
Salomão Amorim centrou a sua exposição sobre a necessidade da sociedade brasileira se engajar profundamente na luta, que considera fundamental, pela democratização dos meios de comunicação; Ronaldo Aguiar fez detalhada análise da economia brasileira e seus problemas na atualidade; Helio Doyle falou do esvaziamento da luta política e dos partidos políticos; Beto Almeida falou da importância do PDT trabalhar politicamente em cima da Historia e da luta de Vargas, Jango e Brizola pelo Brasil.
Concretamente propôs uma reedição da trilogoia “A Era Vargas”, do jornalista José Augusto Ribeiro e também que o partido ajudasse na produção de um filme de longa metragem sobre Vargas e seu legado politico. Lembrou a importância da Carta Testamento na vida de Fidel Castro, ele estava preso quando Getúlio se suicidou e lembrou também a opinião de Trotsky sobre Vargas, a quem considerava um revolucionário dentro da realidade latino-americana.
Mauro Santayana fez uma detalhada análise da crise mundial, das perspectivas do Brasil e não se furtou a abordar a polemica que está em todas as páginas do encontro entre Lula e Gilmar Mendes, intermediado por Nelson Jobim. Santayana lembrou o artigo de Dalmo Dallari, quando da nomeação de Gilmar Mendes para o STF por Fernando Henrique Cardoso, e lembrou também o encontro de Estocolomo, de 1972, quando avançou a discussão sobre a preservação do meio ambiente. Santayana lembrou a questão da transição política e Ronaldo Aguiar, por sua vez, no debate, falou sobre a lei de remessa de lucros que, na sua opinião, foi a causa do golpe contra Getulio e, também, contra João Goulart.
Ronaldo Aguiar também falou da importância do PDT defender suas bandeiras históricas de luta e, principalmente, a bandeira da Educação – fundamental para Brizola.
Após o debate, Manoel Dias levou os convidados a conhecerem a sede nacional do partido especialmente as instalações da ULB e da produção de vídeos e áudios.
Ascom/OM/Paulo Ottaran