O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, em pronunciamento à Nação, falou nesta quarta-feira sobre o momento político que o pais vive e a expectativa relacionada à votação, neste final de semana, do impedimento da presidente Dilma Rousseff.
Leia a íntegra do pronunciamento, ou veja em vídeo:
“Nós hoje vivemos, no Brasil, um momento muito grave. Um momento em que o ódio, a irracionalidade está vencendo a razão. Está vencendo a razoabilidade, a análise fria do que acontece com o nosso país hoje. Nós sabemos que o Brasil está em crise. Uma crise grave no Brasil, uma grave crise também na economia mundial. Uma não justifica hoje, mas uma anda como irmã siamesa, ao lado da outra.
“E sabemos, também, que nós temos muitos escândalos sendo denunciados e precisando ser apurados a fundo, investigados e dado o direito de defesa, depois condenados e colocados na cadeia aqueles são responsáveis por esses atos ilícitos, por essas irregularidades.
“O procedimento de qualquer sociedade democrática é assim: se denuncia, se apura, se investiga, se dá o direito de defesa, e depois a justiça julga e condena ou absolve. Isso é razoável em qualquer parte do mundo. Isso é uma características de todas as nações que têm legislação, que tem Constituição. Eu respeito a legislação. Eu respeito a Constituição.
“O Brasil parece que a gente está andando para trás. Estamos vivendo verdadeiros tribunais de inquisição. Se acusam, se denigre a imagem do ser humano… Se diminui essa imagem… Se demoniza essa imagem e se condena sem se quer dar o direito de defesa. É muito grave a gente assistir isso.
“E é muito grave um partido político como o nosso, o PDT, que tem 36 anos desde a sua fundação, da fundação do trabalhismo através com o PDT, com Leonel Brizola em 190, mas que tem mais de 70 anos, que começou lá na década de 30, quando o Getúlio começou uma revolução para tirar o Brasil agropecuário para o Brasil indústria.
“Esse partido tem coerência, tem história e tem coragem de ter posição. Não se pode fazer como se estão querendo: criar essa situação no Brasil hoje, um impeachment, um impedimento da presidente Dilma, sem nenhuma base concreta jurídica que a condene, que coloque ela com qualquer responsabilidade de crime doloso contra a nação… Se transpor isso como numa guerra, num Fla x Flu, numa partida de futebol com torcidas de um lado e torcidas de outro.
“A história do Trabalhismo, a história do PDT é a história de quem tem coerência e coragem de ter posição.
“O nosso diretório nacional, reunido aqui, na Sede Nacional do PDT, no dia 22 de janeiro, por unanimidade, decidiu dizer “não” ao golpe. E o que nós queremos dizer com “Não ao golpe!”. Dizer não ao impeachment, que é o impeachment é um impedimento da presidente que não tenha uma fundamentação jurídica, que não tem base legal, é um golpe. Tudo aquilo que não tem base legal, base jurídica, é um golpismo. É um golpe.
Por isso o PDT não se preocupa muito com algumas pessoas que se manifestam com tanto ódio. A gente está vendo muita manipulação.
“Eu, por exemplo, vi acontecer isso com o Brizola. Eu trabalhei 25 anos ao lado do Brizola. Eu vi o quanto a mídia o condenou prematuramente. Eu vi que as televisões, as rádios da época que o Brizola era governador, o chamavam de sócio do crime organizado. Eu vi o Brizola ser responsabilizado pelos arrastões que aconteciam na cidade do Rio de Janeiro, ser responsabilizado por todas as ondas de violência. E já há mais de 20 anos, o Brizola fora do poder, a violência está aí. Injustiças cometidas.
“Depois de morto, começaram a ver no Brizola as qualidades ele sempre teve enquanto vivo, enquanto político, enquanto pessoa que tinha verdadeira vocação para servir ao povo e priorizar a educação em tempo integral para as nossas crianças.
“Nós que já vimos essa história, nós que já vimos esse filme, que temos consciência do nosso papel, não podemos aceitar que se condene sem nenhuma prova… Que se faça um impedimento de um presidente da república, como a presidente Dilma, sem nenhuma base legal, apenas pelo ódio.
“Nós temos posição. A nossa posição é uma posição de coerência, de um partido que tem um lado, que não se vende, que não se entrega… De um partido que quer e sempre lutará pela democracia. O que se está em jogo é a democracia.
“Não se precisa mais de tanque de guerra para se impor uma ditadura. Hoje é mais sofisticado. Hoje, a intriga é pelas redes sociais, um telefone celular… Uma bem trabalhada minissérie na televisão, um jornal que todo dia se repete informações de denúncias podem fazer um golpe inteligente sem dar um tiro.
“Por isso a gente quer pedir para você refletir nesse momento. Refletir sobre que Brasil queremos. Muda o quê, no Brasil, ao sair a presidente Dilma e se colocar um trio no poder liderado por Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros? Eles são algum exemplo de moralidade? Eles são algum exemplo de honra ilibada?
“Nós temos que respeitar o povo. Nós temos que respeitar a vontade popular. Nós temos de respeitar o voto que o povo deu, gostemos ou não gostemos da presidente Dilma.
Por isso nós achamos que não pode ter um impeachment sem fundamentos. Por isso chamamos o impeachment de golpe, por isso a posição do PDT é clara, transparente: somos contra qualquer impeachment que não tenha fundamento, como o que está acontecendo hoje no Brasil. E colocamos a nossa face para não enganar ninguém sobre nosso posicionamento.
“Nós não negociamos posição, nós não entregamos posição e nós não somos um partido das conveniências. Nós somos um partido que tem história, que tem um legado e que tem uma marca: a marca inteligente da defesa da democracia.
“Antes, qualquer opinião diferente na época da ditadura, a imprensa não podia falar, não podia escrever, não podia ter opinião porque eram fechadas as redações, eram presos os jornalistas, eram expurgados do país aqueles que pensavam diferente.
“Demoramos muito, mais de 19 anos de ditadura, para conquistar a democracia. Não vamos deixa-la ir pelas nossas mãos, pelo ódio de alguns que querem fazer um verdadeiro golpe tirando do poder a presidenta Dilma, que foi legitimamente eleita pelo povo.”
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