O presidente do PDT, Carlos Lupi, saiu fortalecido da reunião do Diretório Nacional realizada a nesta segunda-feira (30/1) em sua sede de Brasília, uma das mais concorridas desde a fundação da legenda, onde 50 oradores fizeram uso da palavra e foram repassados dezenas de assuntos de interesse partidário, especialmente as eleições municipais deste ano. O início do encontro foi bastante tumultuado, com manifestação na porta do partido de militantes ligados a uma das facções que atuam no Rio de Janeiro e se opõem a Lupi.
A reunião do diretório, que começara tensa, com o grupo carioca e partidários do deputado Paulo Ramos (RJ) e do ex-deputado Vivaldo Barbosa, exigindo o afastamento de Lupi da presidência por conta das denúncias da mídia por sua atuação à frente do Ministério do Trabalho, terminou com os presentes cantando parabéns à presidente do Movimento de Mulheres pedetistas, Michelina Vechio, que aniversariava e acabara de fazer veemente defesa de Lupi tanto à frente do Ministério do Trabalho, quanto do próprio partido.
Ao longo do debate as posições democraticamente se alternaram e houve consenso quanto a necessidade de se promover convenções em todos os estados brasileiros, posição também defendida pelo deputado Brizola Neto, e fortalecer o trabalho de preparação de quadros partidários e estimular candidturas próprias em todos os níveis.
Outro a defender a gestão de Lupi foi o deputado Vieira da Cunha, do Rio Grande do Sul, que enalteceu o fato de em plena crise mundial, o Brasil ter produzido dois milhões de empregos em contraste com a Europa, que vem registrando 10% de desemprego.
Vieira disse que, com a colaboração de Lupi, o Governo Dilma pôde apresentar ao mundo a taa de 5% de desemprego, a menor dos últimos tempos. Também o ex-deputado e atual prefeito de Londrina, Barbosa Neto, fez veemente defesa do ex-ministro do Trabalho e acusou a mídia pela sua demissão “assim como ela conspirou ao longo de toda a vida do Brizola”.
Lupi foi o primeiro orador da extensa lista a usar a palavra, fazendo breve relato de suas atividades à frente do Ministério, procurando responder aos ataques que sofreu da mídia e as providências que tomou não só responder às acusações – mas também para prestar contas de seus atos.
Frisou que em momento algum existiu qualquer “organização do PDT” montada dentro do ministério do Trabalho e explicou que ele foi a primeira pessoa a tomar providências para esclarecer as denuncias publicadas na mídia, mobilizando para isto a Policia Federal e a CGU. “Com o tempo a verdade sempre prevalece”, destacou.
— Estou absolutamente tranqüilo porque tenho total convicção de que o trabalho realizado foi bom. Não foram cinco dias, foram cinco anos à frente do Ministério do Trabalho – afirmou, falando ainda do redirecionamento das atividades do Ministério relacionadas as aplicações do FGTS e do FAT, sempre a favor do trabalhador.
Lupi falou também da necessidade de “dar uma sacudidela para valer no PDT” no atual momento da vida nacional, motivo da montagem do calendário de convenções estaduais em todo o Brasil para fortalecimento do trabalho partidário em defesa da educação, do Trabalhismo e da soberania nacional – bandeiras do PDT. .
Falou da importância das eleições municipais deste ano e da necessidade do partido trabalhar candidaturas em todo o pais. “Estamos disputando centenas de prefeituras em todo o país, inclusive em 15 capitais e temos que estar preparados para isto”, destacou.
Lupi foi muito aplaudido quando destacou: “Quero dizer a cada companheiro que este partido continua fidelíssimo aos princípios que nortearam toda a vida política de Leonel Brizola. Nosso caminho é à esquerda”.
Lupi destacou a situação que enfrentou nos últimos meses à frente ao MTE – Ministério do Trabalho e Emprego – e mais uma vez reafirmou que não há um ato de corrupção que envolva o seu nome e o Ministério. “Durante os cinco anos que estive no MTE jamais desonrei o nome do PDT e dos companheiros do partido”.
Manoel Dias, secretário-geral, em seu balanço, falou sobre as atividades realizadas pelo partido no ano passado e que agora o calendário de ações está focado nas eleições, com os cursos de formação, encontros e seminários de planejamento nos estados. “Nosso objetivo é promover o crescimento do partido não só quantitativamente, mas, principalmente, qualitativamente.”
Um pouco antes de terminar a reunião, embora não houvesse necessidade, foi colocada em votação proposta do ex-deputado Vivaldo Barbosa, do grupo de dissidentes do Rio de Janeiro, sugerindo que o ex-ministro Lupi fosse impedido de reassumir a presidencia do PDT at~e que fossem concluída as investigações no Ministério do Trabalho. Mais de 90% dos 300 membros do diretório nacional do partido, se pronunciaram contra e ainda aplaudiram de pé o ex-ministro que reassumiu o cargo no início de janeiro.
Ao falar aos jornalistas,no final, Lupi afirmou que não se arrepende de ter declarado à presidenta Dilma Rousseff que a ama. “Amo todos vocês, inclusive a presidente. Esse é o sentimento mais nobre que uma pessoa pode ter. Muita gente na rua me diz que me ama também.”
Lupi disse que Dilma deverá decidir na próxima semana quem indicará para assumir o Ministério do Trabalho. Estão cotados o deputado Vieira da Cunha (RS) e o secretário-geral do PDT, Manoel Dias.
“Estamos esperando a presidente dizer o que ela quer, qual o perfil [do novo ministro]. O nome depende mais do perfil que a presidente quer do que da nossa vontade. Mas é pouco provável [que ela escolha um técnico] porque o Ministério do Trabalho é eminentemente político”, disse Lupi.D
Ascom/OM/LF