O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, entrou na briga entre a Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira e seus músicos, que já dura três meses e foi motivada por uma política de avaliação de desempenho sobre a qual os dois lados discordam. Um grupo de artistas reuniu-se com o ministro na quinta-feira, em Brasília, e conseguiu sua solidariedade.
Lupi lhes disse que vai propor à fundação que uma comissão independente, formada pelo Ministério do Trabalho e pelo Ministério da Cultura, atue como mediadora do conflito, inclusive acompanhando o processo de avaliação, que, neste caso, seria reiniciado.
— Os músicos me passaram a situação deles, e deixaram claro que não concordam com os critérios da fundação. Nosso papel é de mediador —, afirmou Lupi à Agência Estado.
Uma vez em Brasília, a comissão foi encaixada na agenda da ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Ela lhes respondeu que a questão é trabalhista, mas também se solidarizou, segundo contou o violinista Luzer Machtyngier, presidente da comissão.
— Agora temos canal aberto com os dois ministérios. Essa situação está nos desgastando muito, já dura três meses. Estamos impedidos de trabalhar.
A Fundação OSB foi procurada para comentar a sugestão do ministro, mas preferiu não se pronunciar. Oficialmente, as avaliações objetivam o aperfeiçoamento dos músicos e a elevação da OSB a um nível internacional.
Trinta e cinco músicos fizeram a prova, que teve duração média de 30 minutos e se assemelhou a uma audição para admissão na orquestra. Entre eles, estrangeiros com medo de ter de deixar o País caso percam o vínculo empregatício. Quarenta e quatro faltaram, dos quais seis apresentaram atestado médico e terão chance de fazer a prova em nova data. Mas a tendência é que faltem à segunda chamada também.
Na segunda, haverá assembleia no Sindicato dos Músicos do Rio. O grupo vai decidir se vai ou não aderir ao Plano de Demissão Voluntária com o qual a fundação acenou, com benefícios aos músicos (indisponível no momento, a opção poderia ser feita de terça ao dia 4 de abril).
De acordo com Machtyngier, os artistas devem declinar, ainda que corram risco de demissão por justa causa — o que significa a impossibilidade de resgatar o FGTS e receber o pagamento da multa de 40% sobre seu saldo.
—O interesse nunca foi a melhoria da qualidade, como falam, mas a demissão, para se fazer uma nova orquestra. Não me nego a ser avaliado, mas 30 minutos não podem contar mais do que 23 anos de OSB —, disse o representante dos músicos.
O advogado do sindicato, Ricardo Callado, esclareceu que um dos pleitos é que seja dada a garantia aos que não aderirem ao PDV de que não serão enquadrados na justa causa. A temporada da OSB está marcada para começar somente em agosto. Em maio, devem haver audições para novos músicos, no Rio, em Nova York e em Londres.
Agência Estado