Lupi: é uma perseguição pessoal e ao PDT

"Estou no meu cantinho, trabalhando direito"

Carolina Bahia/Zero Hora - Pressionado pela Comissão de Ética Pública a escolher a presidência nacional do PDT ou a cadeira de ministro do Trabalho, Carlos Lupi resolveu contra-atacar. Munido do Código de Conduta da Administração Federal, ele tenta virar o jogo, insinuando que o presidente do órgão, Marcílio Marques Moreira, é que enfrenta conflito de interesses. No dia 26 de dezembro, o comitê recomendou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o afastamento do ministro. Até o final do mês, a Advocacia-Geral da União deve publicar parecer sobre o impasse. Confiante, Lupi disse que não perdeu um minuto de sono. No Carnaval, pretende seguir a tradição e desfilar em sua escola do coração, o Salgueiro, e também na Vila Isabel. A seguir, a síntese da entrevista:

Zero Hora - É ético acumular as funções de presidente de partido e de ministro? 

Carlos Lupi - Sempre foi. Será que só existe Carlos Lupi como dirigente partidário ocupando uma função da importância que eu ocupo? O que a Constituição veta é claramente a filiação partidária de militares e membros do Poder Judiciário. Estou amparado pela Constituição Federal, que garante a liberdade de organização partidária e a liberdade de culto. E mais: respondi ao conselheiro Marcílio Marques Moreira por escrito, pedindo que ele aponte a minha falta ética. Não conseguiu apontar.

Zero Hora - No ministério, o senhor não poderia agir para beneficiar seus correligionários? 

Lupi - Só eu sou filiado a partido? O meu amigo Hélio Costa, ministro das Comunicações e senador pelo PMDB, não fica em uma situação parecida? É isso que quero saber. Então sai todo mundo e vamos acabar com os partidos.

ZH - O senhor não acha que uma função interfere na outra?
 
Lupi - Claro que não. O presidente da República, para se eleger, não precisa estar filiado a um partido? O presidente não aparece na TV dizendo que o voto dele é do PT? A representação política se faz por meio das instituições político-partidárias.

ZH - O senhor criticou o presidente da Comissão. Por quê? 

Lupi - Ele descumpriu o Código de Conduta da Administração Federal. É membro do conselho de administração de uma empresa que tem contrato com o ministério. Quem está quebrando a ética? Olha aqui o que diz o artigo 16: "os membros da Comissão de Ética Pública não poderão se manifestar publicamente sobre situações específicas que possam vir a ser objeto de deliberação formal do colegiado". Já o meu crime é ser presidente do PDT. Meu crime é meu orgulho.
ZH - O senhor acha que, por trás do processo na comissão, há uma ação do ex-ministro Marcílio contra o senhor? 

Lupi - É uma perseguição pessoal e ao PDT.

ZH - Com base nesse artigo do Código de Conduta da Administração Federal, o senhor pretende encaminhar algum tipo de queixa contra ele? 

Lupi - Não tenho de reverter nada. Só acho que eles abusaram. Foi Marcílio Marques Moreira que abusou da sua função.

ZH - O senhor pretende deixar a presidência do partido? 

Lupi - Se fizesse a hipocrisia de dizer "vou me licenciar" e continuar mandando, pode? Não gosto de hipocrisia. Sou o presidente eleito do PDT e só quem me tira é o diretório nacional reunido para dizer "não queremos mais você".

ZH - O senhor não sai da presidência do partido e nem do ministério? 

Lupi - Não. Do ministério, não depende de mim. É o presidente que tem de nomear e exonerar. Mas garanto que nunca houve um Ministério do Trabalho com tantos bons resultados na história.

ZH - O senhor tem conversado com o presidente sobre esse impasse? 

Lupi - Nunca falei. Nem ele me perguntou. Falo com o presidente a toda hora sobre trabalho.

ZH - Quando o senhor espera que haja uma decisão sobre isso? 

Lupi - A decisão já está tomada. Qual é a decisão que tem de haver? Estou ficando. Só o presidente pode me exonerar.

ZH - O senhor pode ser exonerado? 

Lupi - Acho muito difícil ele (Lula) fazer isso. Qual foi o motivo que eu dei até agora? Estou no meu cantinho, trabalhando direito.

Zero Hora

“Estou no meu cantinho, trabalhando direito”

Carolina Bahia/Zero Hora – Pressionado pela Comissão de Ética Pública a escolher a presidência nacional do PDT ou a cadeira de ministro do Trabalho, Carlos Lupi resolveu contra-atacar. Munido do Código de Conduta da Administração Federal, ele tenta virar o jogo, insinuando que o presidente do órgão, Marcílio Marques Moreira, é que enfrenta conflito de interesses. No dia 26 de dezembro, o comitê recomendou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o afastamento do ministro. Até o final do mês, a Advocacia-Geral da União deve publicar parecer sobre o impasse. Confiante, Lupi disse que não perdeu um minuto de sono. No Carnaval, pretende seguir a tradição e desfilar em sua escola do coração, o Salgueiro, e também na Vila Isabel. A seguir, a síntese da entrevista:

Zero Hora – É ético acumular as funções de presidente de partido e de ministro? 

Carlos Lupi – Sempre foi. Será que só existe Carlos Lupi como dirigente partidário ocupando uma função da importância que eu ocupo? O que a Constituição veta é claramente a filiação partidária de militares e membros do Poder Judiciário. Estou amparado pela Constituição Federal, que garante a liberdade de organização partidária e a liberdade de culto. E mais: respondi ao conselheiro Marcílio Marques Moreira por escrito, pedindo que ele aponte a minha falta ética. Não conseguiu apontar.

Zero Hora – No ministério, o senhor não poderia agir para beneficiar seus correligionários? 

Lupi – Só eu sou filiado a partido? O meu amigo Hélio Costa, ministro das Comunicações e senador pelo PMDB, não fica em uma situação parecida? É isso que quero saber. Então sai todo mundo e vamos acabar com os partidos.

ZH – O senhor não acha que uma função interfere na outra?
 
Lupi – Claro que não. O presidente da República, para se eleger, não precisa estar filiado a um partido? O presidente não aparece na TV dizendo que o voto dele é do PT? A representação política se faz por meio das instituições político-partidárias.

ZH – O senhor criticou o presidente da Comissão. Por quê? 

Lupi – Ele descumpriu o Código de Conduta da Administração Federal. É membro do conselho de administração de uma empresa que tem contrato com o ministério. Quem está quebrando a ética? Olha aqui o que diz o artigo 16: “os membros da Comissão de Ética Pública não poderão se manifestar publicamente sobre situações específicas que possam vir a ser objeto de deliberação formal do colegiado”. Já o meu crime é ser presidente do PDT. Meu crime é meu orgulho.
ZH – O senhor acha que, por trás do processo na comissão, há uma ação do ex-ministro Marcílio contra o senhor? 

Lupi – É uma perseguição pessoal e ao PDT.

ZH – Com base nesse artigo do Código de Conduta da Administração Federal, o senhor pretende encaminhar algum tipo de queixa contra ele? 

Lupi – Não tenho de reverter nada. Só acho que eles abusaram. Foi Marcílio Marques Moreira que abusou da sua função.

ZH – O senhor pretende deixar a presidência do partido? 

Lupi – Se fizesse a hipocrisia de dizer “vou me licenciar” e continuar mandando, pode? Não gosto de hipocrisia. Sou o presidente eleito do PDT e só quem me tira é o diretório nacional reunido para dizer “não queremos mais você”.

ZH – O senhor não sai da presidência do partido e nem do ministério? 

Lupi – Não. Do ministério, não depende de mim. É o presidente que tem de nomear e exonerar. Mas garanto que nunca houve um Ministério do Trabalho com tantos bons resultados na história.

ZH – O senhor tem conversado com o presidente sobre esse impasse? 

Lupi – Nunca falei. Nem ele me perguntou. Falo com o presidente a toda hora sobre trabalho.

ZH – Quando o senhor espera que haja uma decisão sobre isso? 

Lupi – A decisão já está tomada. Qual é a decisão que tem de haver? Estou ficando. Só o presidente pode me exonerar.

ZH – O senhor pode ser exonerado? 

Lupi – Acho muito difícil ele (Lula) fazer isso. Qual foi o motivo que eu dei até agora? Estou no meu cantinho, trabalhando direito.

Zero Hora