“A memória às vezes falha, eu sou humano”, disse o ministro Carlos Lupi em audiência hoje pela manhã no Senado, quando afirmou não ter mentido na Câmara na semana passada. “Meu erro foi não checar com a apuração que devia”, disse Lupi aos membros da Comissão de Assuntos Sociais ao prestar esclarecimentos sobre denúncias de irregularidades na pasta.
O ministro do Trabalho falou também à Comissão que é preciso debater o papel da imprensa. “Tenho plena consciência do papel da informação, mas nenhum ser humano pode ficar sem o direito de resposta. Não podemos viver em uma sociedade onde se editam palavras”, ressaltou.
Sobre a utilização ou não de avião na viagem ao Maranhão, Lupi garantiu que foi de carona com o ex-secretário do MTE, Ezequiel Nascimento. “Não pedi aeronave, não solicitei”.
Durante a audiência, o ministro falou que viveu nesses últimos cinco dias um linchamento público. “Quero saber do que estou sendo acusado”.
Indagado sobre o recebimento de diárias do ministério para participar de agenda oficial e partidária, Lupi disse que não saberia responder no momento, mas se for considerada diária irregular, vai devolver o valor aos cofres públicos.
A posição dos senadores – O senador Pedro Taques afirmou que o ministro – independentemente da veracidade das acusações – deveria se afastar da pasta enquanto o Judiciário e outros órgãos se encarregam das investigações. Pedro Taques observou que a presunção de inocência é direito fundamental, mas observou que o aspecto político do problema tem um tempo diferente do aspecto jurídico.
Para o senador Acir Gurgacz, Lupi sai fortalecido da audiência e a sua permanência no ministério é muito importante para o PDT. “Sabemos de sua lisura e vontade de trabalhar”.
Já o senador Cristovam Buarque elogiou o trabalho do ministro, mas disse que o PDT deveria repensar se não é a hora de deixar o governo e não indicar sucessor.
Em resposta aos senadores, Lupi disse que a presença do PDT no governo é afirmação da causa trabalhista. “Nosso papel, quanto partido, é ter a capacidade de permanentemente ser fiel à sua história. Temos um lado, o lado do trabalhador”, afirmou.
Ao final da audiência Lupi insistiu que só queria o direito de falar. “A gente não pode condenar as pessoas sem prova. Não pode ter uma página inteira acusando e três linhas de defesa.”