O PDT passa por um momento importantíssimo de sua história, talvez o mais importante desde o falecimento de Leonel Brizola, quando discute-se nacionalmente se o Ministro Carlos Lupi deve ou não deixar o Ministério do Trabalho em razão de denúncias vazias promovidas pelos meios de comunicação. Meios estes que sempre quiseram destruir nossas conquistas e que há anos prestam um desserviço à nação, ao fomentar e promover aqueles que têm uma visão colonialista do país, voltada ao interesse do grande capital, e que, por óbvio, são radicalmente contrários às ações políticas e administrativas tomadas pelo Ministério do Trabalho nos últimos anos.
Ocorre que, durante a explanação do Ministro Carlos Lupi na Comissão do Senado Federal, os senadores pelo PDT, srs. Pedro Taques e Cristovam Buarque, talvez por serem “cristãos novos” na sigla, ao defenderem a saída do ministro estão deixando de lado a discussão política de amplo espectro, para protegerem a si próprios, e supostamente, protegerem o partido, sob o manto da moralidade e da independência.
Confundem-se os senadores ao pregarem a saída do ministro por falta de condições políticas para se manter no cargo, quando esta se daria no presente momento por razões meramente especulativas plantadas pela mídia golpista.
É exatamente por razões políticas é que o ministro deve que permanecer no cargo, e isto se coaduna com a importância de termos um partido com a história de lutas em defesa do trabalhador brasileiro ocupando a pasta do Trabalho. Não se trata de uma mera ocupação de cargos, mas sim da afirmação de um modelo de políticas públicas trabalhistas que tem por objetivo dar ao trabalhador as garantias conquistadas ao longo de muitos anos de luta, iniciadas por Getúlio Vargas, ampliadas por João Goulart e retomadas por Lula, que reconheceu no PDT o veículo mais legítimo para levar adiante a bandeira da proteção aos trabalhadores.
O Ministro Lupi, apesar de toda a carga negativa que recebeu desde o dia em que assumiu o Ministério do Trabalho, tem sido um lutador intransigente em favor das causas dos trabalhadores, desde a proteção da legislação trabalhista, intocada desde sua posse, até a adoção de políticas públicas que cada vez mais trazem proteção aos trabalhadores e constrangem o grande capital.
O ponto eletrônico nas grandes empresas talvez seja o caso mais emblemático, quando impede que as empresas tratem as horas extras de seus funcionários a seu bel prazer, prejudicando-os muitas das vezes. A ampliação da representatividade de sindicatos e centrais sindicais de trabalhadores é outra pedra no sapato dos detentores do poder econômico, sem falar no aumento real do salário mínimo.
A discussão a ser feita deve girar em torno das questões políticas envolvidas, e não sobre supostos desvios morais, como as manchetes tentam direcionar, e é isso que os parlamentares que não viveram a história de construção desse partido, parecem não compreender. A base ideológica do PDT é o trabalhismo, e cada ataque promovido pela mídia não quer atingir a, b ou c. O objetivo é minar o trabalhismo e suas causas e conquistas, que vem ganhando um novo impulso nos governos recentes.
Caso os novos filiados ao partido e hoje parlamentares não saibam, os ataques ao trabalhismo foram os responsáveis pelo suicídio de Getúlio Vargas, pela Campanha da Legalidade promovida por Brizola, pela deposição de João Goulart e, mais recentemente, pelos ataques insanos que a mídia comercialmente comprometida faz ao governo da Presidente Dilma, tal qual ocorreu com Lula.
O que temos visto ao longo dos nove anos de governo petista é uma aproximação cada vez maior dos ideais do trabalhismo, tais como a defesa da indústria nacional, o fortalecimento dos sindicatos e centrais sindicais e a adoção de uma política externa recheada de acordos bilaterais com países em desenvolvimento e não alinhados com a “pax” norte-americana.
Sendo assim, causa-me profunda tristeza ver que entre nossos quadros partidários, há um grupo de pessoas que não tem consciência do que o trabalhismo e o que esta sigla – PDT, oriunda do legítimo PTB, representam.
Manter o Ministro Lupi no Ministério do Trabalho é uma questão muito maior que nossos valores individuais. O sentimento de desgaste que cada um de nós, verdadeiros trabalhistas filiados ao partido, sentimos ao ver as manchetes nos jornais, é o mesmo sentimento que provavelmente Getúlio sentiu antes de dar um tiro no peito, ou que Jango sentiu antes de promover o comício da Central do Brasil, ou ainda que Brizola sentiu ao pegar em armas para defender a posse de João Goulart.
Na verdade, isto é o que sentimos quando vemos o trabalhismo em perigo. Portanto, manter o Ministro Lupi no Ministério do Trabalho é manter viva a chama do trabalhismo neste governo, e é isto que, se somos pedetistas, temos que defender, custe o que custar.
(*) Augusto Ribeiro é militante do PDT e Secretário Municipal de Trabalho da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.