O dia 06 de dezembro, para nós trabalhistas, é de muita comoção e lembrança. Há exatos 45 anos, João Belchior Marques Goulart, presidente deposto em um golpe civil-militar em 31 de março de 1964, era envenenado em território argentino. Crime covarde, “terrorismo de Estado”. Agressão não só contra um homem deposto de seu mandato democrático e exilado, mas contra o povo o qual esse homem assassinado jurou proteger.
O “Jango” é um dos casos mais emblemáticos da nossa história. Seus algozes o chamavam de “perigoso comunista”, de “populista herdeiro do outro demagogo (Getúlio Vargas) e inimigo do Brasil”. Mas o que acho mais interessante dele é que, embora os seus inimigos falassem tudo isso dele, ele fez justamente o contrário do que eles diziam. Jango era um patriota, um nacionalista, um amante do diálogo e da concertação, mas muito comprometido com os pobres e com o desenvolvimento do Brasil.
A elite odiava João Goulart porque ele não era subserviente ou lacaio dos interesses americanos como ela. Jango entendia que o Brasil não precisava ser como Washington, só precisa ser um país desenvolvido para todos e não só para esta elite que endeusava o “American Way on Life”.
João Goulart tinha pleno apoio popular quando Lincoln Gordon “fez a cabeça” da UDN, da elite econômica, da mídia e da “turma da farda” que era necessário derrubar “esse presidente perigoso”. Perigoso por que? Porque deu o aumento de 100% do salário mínimo para os trabalhadores? Por que ele assinou o decreto que estabeleceria os princípios da Reforma Agrária? Por que ele iria fazer as chamadas “Reformas de Base”? Esses eram os medos?
A elite tinha que ficar com muito medo!!
Só que tudo o que Jango propunha era pra emancipar o Brasil e seu povo. Era pra fazer o que esta feia e porca elite nunca deixou fazer. Se dependesse deles, seríamos uma reles colônia “yankee”, tipo “The United States of Brazil”, nada mais nada menos que um “grande Porto Rico”.
Essa nunca foi a vocação do Brasil e até hoje o Trabalhismo é perseguido porque nunca se curvou ao interesse elitista, tampouco as transnacionais que tanto sugam as nossas riquezas. Por isso quando o nome “Jango” vem à tona, eles tentam apagar João Goulart da nossa história.
Jango decidiu não resistir, não provocar uma guerra civil. Mas os seus algozes nunca iriam deixa-lo em paz. Foram tantas tentativas de destruição do seu nome, do seu governo, do legado Trabalhista e muitos companheiros tombaram nos porões da tortura, muitos tiveram que fugir pra não morrerem pelas mãos dos algozes.
E Jango foi monitorado, seguido, investigado, sua vida foi devassada e por fim, em 06 de dezembro de 1976, falece num ataque cardíaco muito suspeito. É quase impossível não dizer que o único presidente brasileiro que morreu no exílio não tenha sido envenenado de forma covarde pelos agentes da Operação Condor. Quarenta e cinco anos de um crime contra o povo brasileiro.
Mataram um homem, mas para desespero de seus assassinos, seu legado está mais vivo do que nunca!
JOÃO GOULART VIVE! VIVA JANGO! VIVA O TRABALHISMO!
*Marcelo Barros é membro do Diretório Nacional do PDT