O vice-presidente nacional do PDT e governador cassado do Maranhão, Jackson Lago (PDT) deixou o Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, pela porta principal às 10h55m da manhã de hoje(18/4) dirigindo-se em passeata com colaboradores e integrantes de movimentos sociais até a sede do PDT em São Luiz. Vamos continuar lutando, escolhendo estratégias que não tirem de nós a imagem de legalistas, de cidadãos cumpridores do dever. Vamos apenas mudar o local de resistência, afirmou, ao encerrar o movimento de resistência à decisão do TSE que, 48 horas antes, cassara seu mandato obtido nas urnas em 1986.
Antes de sair, Jackson Lago convocou o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, Raimundo Cutrim, para mostrar que estava deixando o Palácio dos Leões intacto e com todas as obras de arte no lugar. Fiz isso porque eles podem chegar aqui e desaparecer com alguma coisa, como sabem fazer muito bem.
Lago também liderou ato público nos jardins onde falaram diversos representantes dos movimentos sociais e parlamentares que o apoiaram na sua luta contra a família Sarney e a influência dela nos tribunais superiores: Quem sabe a decisão da justiça não esteja nos proporcionando a oportunidade de nos fortalecermos para uma chegada não só ao governo, mas ao poder popular, questionou em discurso de aproximadamente 20 minutos. Na saída, o ex-governador também foi saudado com o slogan Jackson, guerreiro, do povo brasileiro pelas ruas da ilha de São Luiz, dirigindo-se em caminhada até a a sede local do PDT.
Um boneco, simbolizando o presidente do Senado e chefe do clã a qual pertence Roseana, José Sarney foi queimado diante do Palácio dos Leões, que não registrou outros incidentes, correndo tudo em clima de tranqüilidade. Na madrugada de quinta-feira, em Brasília, bonecos simbolizando Roseana e seu pai tinham sido queimados diante da sede do TSE.
A nova cautelar que a defesa de Lago deu entrada no STF na noite de sexta-feira para suspender a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá ser julgada na próxima segunda uma vez que o ministro Marco Aurelio Mello deu despacho, na sexta, pedindo nova distribuição para a ministra Carmen Lúcia. Lago é o segundo governador eleito cassado pelo TSE: em fevereiro foi afastado do cargo o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB) e seu vice, José Lacerda Neto; sendo empossado o senador José Maranhão (PMDB-PB).
Ao longo do seu discurso aos militantes, Jackson Lago também fez rápido balanço de sua gestão de dois anos: Estou deixando 181 escolas inauguradas ao longo de dois anos, em comparação com as três inauguradas por Roseana Sarney, nos oito anos que governou o Maranhão. Na área de saúde, citou sua decisão de construir quatro socorrões para desafogar o atendimento na capital: Inauguramos o socorrão de Presidente Dutra e estamos deixando recursos para mais dois deles o de Imperatriz e o de Pinheiro, disse.
Disse ainda que sentia-se vítima de um acordo das elites que interrompia a trajetória democrática de seu governo que implantou no estado um novo modelo de gestão, descentralizando as ações, chamando a sociedade para discutir suas prioridades.
Em entrevista ao G1 no sábado (18/4), Lago disse que se sentiu violentado pela cassação. Nós nos sentimos muito violentados. Estamos nos acostumando à decisão, afirmou por telefone. Lago contestou as provas apresentadas de compras de voto de abuso de poder político e econômico.