No dia 24 de agosto de 1954, há 65 anos, portanto, os entreguistas de plantão, então abrigados na UDN – União Democrática Nacional (e Internacional) o grifo é nosso, contando com a proteção camuflada de forças internas e externas, os inimigos do povo, que jamais perdoaram o maior presidente nacionalista de toda nossa história, após meses de conspiração, consumaram o maior crime até então cometido contra o povo brasileiro: mataram a sua esperança de um futuro melhor, “suicidaram” o seu Presidente.
É por isso que lá no Rio Grande do Sul não existe nenhuma cidade que não tenha dois monumentos: um CTG-Centro de Tradições Gaúchas e um busto do Presidente Vargas com a Carta Testamento. No CTG, um galpão crioulo, nós gaúchos cultivamos, recordamos e mantemos vivas as tradições mais caras da nossa gente. Através da Carta Testamento, mantemos viva as denúncias feitas pelo saudoso Presidente Vargas contra a exploração e a espoliação do Brasil e do povo brasileiro.
Depois de ter sido promotor público, deputado estadual, deputado Federal, Ministro da Fazenda e Governador do Rio Grande do Sul, Getúlio candidatou-se a Presidente da República em 1929. As eleições deram a vitória a Júlio Prestes. Getúlio, aliado a um grupo de jovens tenentes do Exército, daí o nome de Revolução Tenentista, liderou, deflagrou e comandou a Revolução de 30 contra a fraude eleitoral que elegeu Prestes. Vitoriosa a Revolução, Getúlio Vargas foi designado chefe do Governo provisório pela junta militar em 3 de novembro de 1930. Em 17 de julho de 1934 Getúlio é eleito presidente da República em eleições indiretas. Em 10 de novembro de 1937, Vargas instituiu o estado Novo.
Logo que assumiu a chefia do governo revolucionário, Getúlio criou, em 14 e 26 de novembro, os Ministério da Educação e Saúde, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio respectivamente, que ficaram conhecidos como os Ministérios da Revolução.
Fundou a Universidade do Brasil. Promulgou a legislação trabalhista básica, unificada na CLT. Gostaríamos lembrar os companheiros que no último dia 1º de Maio, a CLT completou 76 anos, a melhor legislação até hoje na defesa dos direitos dos trabalhadores. Para recompor o valor do salário mínimo, criado por Getúlio, em 04 de julho de 1940, os trabalhadores deveriam receber hoje em torno de R$2.800,00.
É por isso, companheiros, que ninguém, por mais que tente, conseguirá acabar com a ERA VARGAS. Instituiu também as férias pagas. Estabilidade no emprego e indenização por tempo de serviço. Jornada de 8 horas. O imposto sindical. O sindicato único. O direito de greve. O voto feminino. A previdência social, através dos institutos de aposentadoria: IAPM, IAPI, IAPC, IAPTEC e, ao mesmo tempo deu inicio a um rigoroso processo de industrialização no País: construiu a Cia Siderúrgica Nacional, a Cia Vale do Rio Doce, a Cia Nacional de Álcalis, a Fábrica Nacional de Motores.
Em 29 de outubro de 1945 Getúlio é deposto pelos militares e, em 2 de dezembro é eleito Senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo e deputado federal por 6 estados e pelo DF. Optou por ser Senador pelo seu estado o Rio Grande do Sul.
Eleito Presidente, em 1950 pelo voto direto, assumiu o governo em 1951 e convocou para sua assessoria econômica um jovem baiano, o nosso saudoso Rômulo Almeida, que formulou o primeiro projeto de desenvolvimento nacional autônomo, através do capitalismo do estado.
Merece destaque a nomeação do saudoso presidente João Goulart como ministro em 1953, aumentando o salário mínimo em 100%. Somente 54 anos depois, o Trabalhismo retornou ao Ministério do Trabalho, através do valoroso Lupi, nomeado pelo Presidente Lula, e posteriormente comandado pelo companheiro Manoel Dias, designado pela Presidente Dilma.
Do projeto de Rômulo, nasceu a maior campanha já vista no Brasil, “O Petróleo é Nosso”, a PETROBRÁS, orgulho nacional e, com o imposto sobre combustíveis, o Fundo Rodoviário Nacional e o IUEE – Imposto Único Sobre Energia Elétrica, básico na estruturação da ELETROBRÁS, além do BNDES e do BANCO DO NORDESTE e a Cia Hidrelétrica do São Francisco, em Paulo Afonso.
Um governo nitidamente voltado para os interesses nacionais, Vargas constatou que as remessas dos lucros das empresas estrangeiras atingiam limites fabulosos. Passou então a denunciar a espoliação que o País estava sofrendo.
Getúlio governou o Brasil durante 15 anos no regime revolucionário e 4 anos pelo voto popular e, por sua ação corajosa e patriótica na defesa da nossa industrialização, dos nossos minérios, da questão do Petróleo, da energia e da remessa de lucros, enfrentando as poderosas multi e transnacionais, foi deposto em 1945 e levado ao suicídio por mais um golpe da mesma natureza em 1954.
No auge da crise, o nosso bravo, destemido e saudoso Companheiro Brizola informou o Presidente Vargas que podia contar com o apoio do Rio Grande do Sul, mas a resistência levaria o País a uma guerra civil e assim, o Presidente sozinho venceu os golpistas pelo suicídio, deixando uma Carta Testamento nas mãos de João Goulart, o documento político mais importante da nossa história contemporânea.
Nosso eterno Presidente, o saudoso companheiro Brizola, cuja coerência política continua sendo a nossa referencia, assim definiu a origem da nossa causa: “O Trabalhismo nasceu da Revolução de 30, de uma inspiração do Presidente Vargas, que foi evoluindo de acordo com o processo social, empenhado em garantir direitos à massa dos deserdados”.
Cabe, portanto, a nós trabalhistas resgatar a política nacionalista de Getúlio Vargas, adaptá-la às necessidades atuais e mudar essa ordem perversa do reinado imposto pelo império da globalização.
*Hari Alexandre Brust é presidente da Executiva Municipal do PDT de Salvador