“Recursos de programas sociais, como da saúde, educação e fundo previdenciário, serão realocados e deixarão sequela e uma herança para o futuro”, criticou o ex-prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, ao reafirmar, em entrevista à Rádio Legalidade, a posição contrária do PDT aos projetos do ajuste fiscal propostos pelo prefeito Rafael Greca (PMN) à Câmara local. Conhecido como “pacote de maldades”, as medidas são apontadas como destruidoras de direitos e acabam penalizam não só os servidores, mas também a população.
Presidente municipal da sigla, Fruet reafirma a atuação conjunta com a bancada de vereadores pedetistas para impedir o avanço do retrocesso proposto, que inclui alterações da previdência municipal a partir doaumento progressivo de 0,5 ponto porcentual, a partir de 2018, da alíquota de contribuição, que hoje é de 11%, até o teto de 14%.
“(Greca) envia 12 projetos para a Câmara municipal propondo uma profunda revisão nos planos de cargos e salários dos servidores, fim do reajuste salarial na data-base e do parcelamento e pagamento integral do 13º até o final do ano, além da retirada imediata de recursos do fundo previdenciário que foi capitalizado, na nossa gestão, e detém quase R$ 2.3 bilhões”, pontuou.
“Tudo o que o então candidato, e atual prefeito, prometeu, agora ele está fazendo o contrário. Com isso, desconstruindo ganhos maravilhosos para a cidade”, completou Fruet, indicando que recursos de programas sociais, como da saúde, educação e fundo previdenciário, serão realocados e deixarão sequela e uma herança para o futuro.
Ao defender os servidores municipais, que foram agredidos violentamente pela polícia militar durante o protesto na casa legislativa, o líder pedetista evidenciou as diferenças no modo de governar.
“O que a gente faz na crise? Corta o que não é essencial e garante o que é importante para a população, principalmente a saúde, transporte, educação e todas as ações na áreas de abastecimento e social. O que faz o atual prefeito? Durante a eleição, ele afirma que, pra ele, seria mais fácil resolver os problemas da cidade e prometeu uma série de investimentos que, agora, não consegue cumprir”, comentou.
Segundo o representante do PDT, as pesquisas já apontam um alto grau de rejeição. “O prefeito, em vez de liderar e buscar consenso, cada dia em que se manifesta abre novas frentes de briga”, lamentou.
Legado
“Durante o meu mandato, eu fiquei com o olhar para o futuro e desarmando uma série de problemas que herdamos, como dívidas de curto prazo, que foram pagas, bem como a recomposição financeira da tarifa do transporte coletivo, pois Curitiba deixou de receber subsídios do governo do estado”, apontou.
Como exemplo, ele citou a recente divulgação da revista Exame sobre o ranking das cidades mais inovadoras e inteligentes no Brasil. Segundo a publicação, Curitiba passou do 3º para o 2º lugar, tendo como destaque a educação, principalmente pelos projetos de valorização dos docentes e de alfabetização de jovens e adultos.
“Diminuímos para menos de 1% o número de pessoas analfabetas na capital. As vezes invisível para algumas pessoas, mas vai de acordo ao que o PDT defende e ao compromisso que assumimos de colocar 30% dos recursos na educação. Isso é transformador e, de repente, ocorre um corte há um corte nesses investimentos”, valorizou.
Projeções partidárias
Sobre as perspectivas e atividades dentro do PDT, Fruet exaltou a continuidade das ações de longo prazo por todo o Paraná, incluindo o debate, já no próximo final de semana, em Francisco Beltrão, a convite do vice-presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, Haroldo Ferreira, para falar da necessidade de um novo pacto federativo, além da defesa do projeto nacional do partido na perspectiva do governo liderado por Ciro Gomes, pré-candidato a presidente da República.
“Nós estamos trabalhando com toda tranquilidade. Tenho mantido o presidente Lupi ciente de todos os passos e, nesse momento, no fortalecimento da candidatura do Osmar (Dias) nos eventos partidários em diferentes regiões”, ratificou.
“O que nós temos no estado dá margem para questionamentos, mas também é especulação. Por isso, não adianta alimentar especulação”, ponderou o pedetista, ao projetar uma possível candidatura a deputado federal ou senador.
Situação política
Na sua análise, o ex-prefeito lamentou o trágico cenário encontrado no Brasil a partir dos sucessivos escândalos veiculados diariamente na mídia, onde o debate principal seja o combate à corrupção.
“É necessário, evidente, mas mostra como há uma grande inversão do que a gente pensa e defende como política pública e participação na vida pública. É um tema que bate, e as vezes contamina, muitas democracias, mas é um sinal claro de doença quando vira agenda principal”, salientou.
“Em vez da gente estar discutindo educação, saúde, infraestrutura, transporte público para a população, todo dia a prioridade da agenda acaba sendo qual será a próxima operação, decisão e denúncia”, concluiu Fruet.