Goiânia já foi considerada a cidade mais desigual da América Latina pela Organização das Nações Unidas (ONU). Infelizmente, não temos visto nossa capital avançar em políticas que revertam essa situação. Quem mais sente o impacto são os goianienses, os moradores que trabalham duro, pagam seus impostos e, ainda assim, enfrentam o descaso do poder público. Sem um sistema de mobilidade eficiente, por exemplo, e com o BRT ainda em obras, o cidadão é obrigado a se espremer em ônibus lotados, como sardinhas em lata, apenas para chegar em casa após um longo dia de trabalho.
Não se engane, todos sabemos que a cidade funciona de forma diferente onde moram os mais ricos. No “alto do Bueno”, onde se encontram prédios de alto padrão, a grama dos canteiros centrais está sempre bem aparada, o lixo é recolhido pontualmente e as ruas são bem asfaltadas e sem buracos. Essa disparidade é um retrato claro da desigualdade que persiste em Goiânia, evidenciando a necessidade urgente de políticas públicas que beneficiem todos os cidadãos, independentemente de seu endereço.
Para que Goiânia avance e ofereça uma melhor qualidade de vida a todos os seus moradores, é essencial que a cidade funcione de maneira inclusiva, onde todos se sintam pertencentes e nenhum bairro seja abandonado pelo poder público. Para isso, é necessário desenvolver um Projeto Municipal de Desenvolvimento específico para Goiânia. Esse projeto deve ser construído pelo poder público em conjunto com a população, sindicatos, empresários e pesquisadores, estabelecendo metas claras e objetivas que orientarão os investimentos do município.
Com a elaboração de um projeto, podemos determinar nossa posição atual e definir a Goiânia que queremos ser para os próximos quatro anos. Isso nos permite planejar a curto, médio e longo prazo e garantir a continuidade, independentemente de quem esteja no poder. A população, informada sobre os objetivos do projeto, saberá o que cobrar para garantir sua execução. É fundamental que o poder público coordene essas iniciativas, mediando e priorizando as necessidades dos trabalhadores. Além disso, é crucial contar com um corpo técnico eficiente, capaz de implementar o projeto de forma eficaz.
Não existe uma fórmula pronta ou um projeto municipal padrão; cada cidade possui suas particularidades e necessidades específicas que só podem ser compreendidas por aqueles que vivem e conhecem o município. No caso de Goiânia, são os próprios goianienses que devem elaborar essas soluções. Questões como mobilidade urbana, cultura, lazer, educação, emprego, parque industrial e formação de mão de obra são desafios comuns a todas as cidades. Podemos nos inspirar em pontos específicos de outras cidades, mas sempre adaptando essas ideias à realidade local para garantir o sucesso do projeto. Por isso, é essencial que o projeto de desenvolvimento seja feito pelo próprio município.
Goiânia é uma cidade próspera, repleta de construções e sede de grandes empresários do agronegócio e da música sertaneja. No entanto, ser uma cidade rica não equivale a ser uma cidade desenvolvida. Sem qualidade de vida para todos, distribuição de renda e justiça social, Goiânia continuará sendo uma cidade para poucos. Muitos moram aqui, mas poucos realmente usufruem de tudo que a cidade oferece. Um verdadeiro projeto de desenvolvimento para Goiânia deve ser elaborado por aqueles que amam e entendem a cidade, visando o bem-estar de todos os seus habitantes.
Precisamos urgentemente de um Projeto Municipal de Desenvolvimento para Goiânia. Sem metas claras e objetivas, e sem colocar o povo no centro desse projeto, estaremos sempre à mercê das falácias e mentiras daqueles que subestimam a inteligência da população e governam contra os interesses dos trabalhadores.
*Caio Camilo é engenheiro de controle, graduado pelo Instituto Federal de Goiás (IFG), ex-servidor municipal da Educação e pré-candidato do PDT a vereador por Goiânia (GO).