“Não querem que o povo seja independente”. Essa afirmação foi escrita por Getúlio Vargas, há exatos 67 anos, em sua Carta Testamento, no dia 24 de agosto, horas antes de dar a sua vida em um ato de bravura em prol de um Brasil soberano e forte.
O desfecho da história de Getúlio e o que sua morte significou para o Brasil nos levam, além de refletir o atual momento político, repensar sobre quais ações de mudança podemos fazer enquanto população de uma nação democrática. Em meados de outubro de 2018, o País viu a chegada de um presidente que prometia transparência, honestidade, combate a corrupção e um Brasil estável, rico e com oportunidades para todos, mas como já era esperado, tendo em vista seu histórico político e os ideais que ele representa, não tem sido dessa forma.
Hoje, 24 de agosto de 2021, o presidente em vigência tem feito, periodicamente, inúmeras atrocidades que contradizem tanto com os “bons costumes”– defendido por ele e uma de suas principais marcas durante a campanha – quanto a seguridade de direitos fundamentais aos brasileiros que ele tanto prometeu.
Desde o início do seu mandato, Bolsonaro incita violência, desordem e atos que, mais de uma vez, já foram provados como institucionais e que agridem a democracia conquistada pelos brasileiros. Vem tentando destruir, em apenas 4 anos de mandato, nem concluídos ainda, tudo o que o Estado Brasileiro construiu até hoje.
Um dos exemplos claros que tem tomado espaço nos noticiários dos últimos dias é a privatização de estatais essenciais no desempenho de serviços para a sociedade e fundamentais para a soberania nacional como a Petrobras, Eletrobras e Correios.
Na época de Getúlio Vargas a situação não era muito diferente. Existia uma luta constante de grandes potências mundiais que queriam impedir que a nossa pátria se tornasse forte e soberana.
“Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo”, afirmou o trabalhista em sua carta.
Com a campanha “O petróleo é nosso”, Getúlio, como um verdadeiro estadista que era, criou a Petrobras, empresa capaz de controlar todo o mercado do óleo no País, mesmo com as multinacionais fazendo forte pressão contra a iniciativa. Da mesma forma, o “pai dos pobres”, como também era conhecido, criou em seu governo a Eletrobrás, que garantiria autonomia energética.
“Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre”, afirmou Getúlio.
Segundo o balanço já divulgado pela própria Eletrobras, a empresa mostra o quanto é lucrativa ao anunciar um rendimento líquido de 2,5 bilhões no segundo trimestre deste ano, valor 439% maior que o resultado obtido no segundo trimestre de 2020, o que claramente desmente o principal argumento utilizado pelo governo em favor da privatização.
Impactos da privatização na vida do brasileiro
Com a privatização da Eletrobras, o Brasil vai enfrentar uma série de mudanças em relação ao preço da energia consumida, desemprego em massa de grandes e pequenas empresas ligadas a própria Eletrobras, aumento de outros bens que necessitam da matéria prima como o gás e o petróleo produzido também pela empresa e, consequentemente, o aumento dos produtos alimentícios.
Já na privatização dos Correios, além do também aumento dos serviços oferecidos, em um País com tanta discrepância social como o nosso, manter o serviço postal administrado pelo Brasil faz parte de políticas públicas de desigualdades sociais.
Em sua carta, Getúlio chama a população para ser resistência em meio ao caos que ele já previa. “Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência”.
Com um sistema de saúde tentando se manter após o surgimento da pandemia, mais de 500 mil mortes causadas pelo Covid- 19, inúmeros pais e mães de família lidando com o desemprego em massa – agora com a extinção das estatais – , temos uma via para um verdadeiro Projeto Nacional de Desenvolvimento, Ciro Gomes. Em 2022, teremos, novamente, a chance de nos reerguer e continuar a lutar por um País forte, consolidado, soberano e democrático.