Getúlio Vargas: “Brasil economicamente forte, politicamente livre e socialmente justo”


Por Bruno Ribeiro / PDT-RJ
24/08/2021

Em 1952, o então presidente da República ratificou a energia como item fundamental da soberania nacional

A emancipação econômica e a valorização do bem-estar social foram pontos que caracterizaram as duas gestões do ex-presidente da República Getúlio Vargas, entre as décadas de 30 e 50. Em conferência com governadores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, em 9 setembro de 1952, o líder trabalhista enfatizou a integração nacional e a promoção da política energética como elos indutores do pleno progresso de um Brasil soberano.

“A experiência tem demonstrado que só o nosso próprio esforço pode superar as dificuldades que o país ora atravessa, motivadas pelo volume insuficiente de nossa produção. Qualquer auxílio externo que venhamos a receber não poderá suprir a nossa ação continuada, firme e decidida na luta pela emancipação econômica”, ponderou, no discurso resgatado pelo Centro de Memória Trabalhista (CMT).

“Ela estará tanto mais próxima quanto maior for o entusiasmo com que nós empregarmos na mais patriótica das tarefas: a de reconstruir um Brasil economicamente forte, politicamente livre e socialmente justo”, completou.

Entre as tarefas fundamentais do governo, Vargas colocou a utilização dos “principais cursos d’água como propulsores do desenvolvimento de suas zonas de influência”, com destaque para a Bacia do Paraná e toda a região amazônica.

“O petróleo, a eletricidade e o carvão foram, portanto, objeto de particular solicitude do Governo, que espera conseguir o máximo e rápido aproveitamento de nossas reservas desses recursos, graças a medidas já submetidas à aprovação do Legislativo”, afirmou.

“As exigências do dia presente e do nosso país impõem ao Governo a árdua responsabilidade de determinar uma ordem, de prioridade para as tarefas a serem empreendidas dentro das disponibilidades de investimento de que podemos lançar mão, mas que não podem ser retardadas, sob pena de sacrificar o progresso do país inteiro e suas possibilidades de atingir à independência econômica e ao grau de pujança compatível com os recursos que lhe prodigalizou a natureza”, salientou.

Eternidade

Cerca de dois anos depois dessa manifestação, justamente esse completo zelo público ebuliu a ira aristocrática e resultou, de forma impactante, no seu suicídio em 24 de agosto de 1954.

O ato extremo, há 60 anos, foi a escolha derradeira para evitar um golpe não só contra o governo trabalhista, mas contra os interesses do povo. Como tradução direta da realidade, a carta testamento deixada no Palácio do Catete, sede do governo federal na cidade do Rio de Janeiro.

“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes”, disse, na abertura do documento.