Pré-candidatura ao Planalto do ex-governador do Ceará foi ratificada em debate da Fundação do Rio
“Existe vida entre PT e Bolsonaro. E nós seremos a voz dessa vida de esperança”, disse o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para ratificar a pré-candidatura de Ciro Gomes a presidente da República, nesta segunda-feira (10). Ambos participaram da abertura do ciclo de debates virtuais “O Trabalhismo é a saída: respostas para a crise brasileira”, criado pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) do Rio de Janeiro.
“Não tiraremos Bolsonaro no segundo turno. Vou ver Ciro derrotar Lula no debate do segundo turno”, projetou, ao dizer que o partido não abre mão do Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), pois o Ciro “não está pensando na próxima eleição, mas nas próximas gerações”.
“Ninguém tem, como o Ciro, um projeto com começo, meio e fim. É completo sobre as necessidades do povo. […] Nós temos um sonho: o Brasil dos brasileiros. E vamos ver o Ciro chegar lá para concretizar isso”, acrescentou, com menção à atuação jurídica da sigla para garantir o estado democrático de direito e o confrontar os abusos do governo Bolsonaro.
No debate mediado pelos diretores da Fundação, Lucas Alvares e Luana Mota – que promoveram o Acolhe Brasil, campanha social de doações para amenizar os impactos da pandemia da Covid-19 –, Ciro fez um resgate histórico para evidenciar a origem da atual situação brasileira. E a base passa pelas disputas políticas mundiais e o estruturado avanço do neoliberalismo após a Guerra Fria no final do século XX.
Como consequência, o ex-ministro cita a onda de desqualificação da política e o aprofundamento da “tragédia vulgarizada”, sustentada na decadência da representatividade democrática e na política de consumo. Como retrato emblemático, cita Bolsonaro a partir da eleição de 2018.
“Chegamos ao fundo do poço. Entre 2010 e 2020, o Brasil cresceu zero. Se o país não cresce, o conflito distributivo se agrava. Não há esperança com esse modelo neoliberal”, explica, relembrando o trabalhismo: “A última vez que o Brasil sistematizou um projeto de país foi com Getúlio Vargas, com a Revolução de 30.”
Para implementar o PND e superar resistências do sistema capitalista e da elite brasileira, Ciro indica que a nação precisa “sair da democracia representativa, do século XIX, para uma democracia participativa”, que permitirá o empoderamento para que o povo “decida sobre o próprio destino”.
“Com ideia, exemplo e militância, vou apresentar uma revolução para democratizar o poder brasileiro”, garantiu, ao dizer, em conjunto com Lupi, que defende, no sistema eleitoral, a redundância da apuração a partir da conferência pelo voto impresso.
Segurança
Com repúdio às 28 mortes ocorridas na comunidade do Jacarezinho, na cidade do Rio, na última semana, Ciro chama a atenção para o impacto da milícia na degradação dos índices de segurança. Como medidas prioritárias, propõe a atuação federal na investigação e a propagação efetiva dos serviços públicos com qualidade.
“Nós temos que fazer o Estado subir o morro sem farda. Creche e escola para todos. Não é promessa maluca. Ocorre agora, no Ceará, e já existiu com Brizola com os Cieps”, recordou.
“Vamos federalizar esses crimes com inteligência. Mapear o caminho do dinheiro do Comando Vermelho e do PCC. Não fazem porque não querem. Bolsonaro é ligado às milícias”, explicou.
Lupi completou o posicionamento ao evidenciar que o tráfico de drogas é um dos negócios mais lucrativos do mundo e precisa ser enfrentado com seriedade.
“Matando 28, tem mil para ocupar o lugar. É profunda a questão das drogas. Não é simples. Devemos debater sem dogmas ou fascismo. Não é matando que vamos resolver”, concluiu.
Programação
Com seis painéis transmitidos pelo Zoom até junho deste ano, a série pedetista conta com inscrições gratuitas e receberá, como convidados, membros do executivo, do legislativo e do terceiro setor.
O “auxílio emergencial e políticas de combate à fome” centralizará a discussão da segunda reunião no dia 17 de maio, às 20h. Como convidados, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, a deputada estadual Martha Rocha (PDT-RJ) e a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos.
O secretário-geral do PDT e presidente nacional da FLB-AP, Manoel Dias, estará reunido no dia 24 de maio, às 20h, com o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e o coordenador de Trabalho e Renda de Niterói (RJ), Brizola Neto, para avaliar o cenário do emprego e da capacitação profissional no estado e no Brasil.
O ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves liderará o debate, no dia 31 de maio, às 20h, sobre a relevância do “apoio ao micro e pequeno empresário e ao trabalhador informal” diante do panorama econômico existente. Rodrigo Nogueira, secretário de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza (CE), e Felipe Batista, do Instituto da Brasilidade, confirmaram presença.
O penúltimo painel, no dia 7 de junho, às 20h, abordará a “reindustrialização dentro das perspectivas de desenvolvimento” progressista ao longo dos próximos anos. A pauta será exposta pelo presidente do Instituto da Brasilidade, Darc Costa, em parceria com o diretor-executivo da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC), Fernando Peregrino, e a professora da UERJ Christiane Laidler.
No encerramento, Lupi receberá o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e o economista Eduardo Moreira para fomentar análises em busca da “construção da unidade popular”. O encontro ocorrerá no dia 14 de junho, às 20h.