Na segunda edição nacional do ‘Quartas Trabalhistas’, o Ph.D em ciências políticas e fundador do PDT Carlos Michiles analisou a relevância da ética na sociedade e sua relação com poder, nacionalismo e educação. Promovido pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), o programa foi transmitido ao vivo neste dia 27, nas suas redes sociais.
Após a abertura do secretário-executivo da Fundação, Ades Oliveira, Michiles iniciou sua fala promovendo o esclarecimento de uma questão essencial: a distinção entre moral e ética, onde a primeira é fruto do padrão cultural vigente e incorpora normas determinadas pela própria sociedade. Já a segunda, por sua vez, é a parte da filosofia que reflete e questiona sobre as regras morais.
“Existem uma confusão. É um paradoxo, onde ética é uma moldura onde a moral se aplica, pois foca na atuação. A ética, baseada em três palavras – querer, poder e dever – e como uma ciência interdisciplinar, busca discutir a condição humana”, comenta.
A partir dessas premissas, o pedetista aprofundou a análise ao citar o filósofo moderno, Immanuel Kant, com o entendimento de ética normativa, que progrediu na época do Iluminismo, movimento intelectual e filosófico europeu do século 18. Michiles buscou, portanto, esclarecer que a pauta para as escolhas morais deveria ser a razão humana.
“A razão é uma ferramenta educacional, pois garante uma capacidade racional de fazer uso do seu próprio entendimento. Quando a gente tiver a plena capacidade de implementá-la, o mundo mudará”, pontuou.
Conexão
Em um paralelo com os retrocessos percebidos no país e traduzidos na figura do presidente, Jair Bolsonaro, o pedetista critica o processo sistêmico de negação do conhecimento e de desvalorização da base educacional como essência social.
“A nação vem se transformando em um ornitorrinco. Um bicho feio, não identificável que mostra a desigualdade assustadora, a violência crescente e a ausência de ensino para brecar a ignorância. Logo, leva à vulnerabilidade da manipulação a partir de um ditador déspota”, disse.
“Por isso, a ética nunca foi tão necessária e importante, mas, ao mesmo tempo, ignorada. Só a educação pode desbarbarizar essa brutalização da sociedade, ainda que seja uma utopia. Não podemos permitir o enfraquecimento do Estado, que mantém a soberania do território, da língua”, acrescentou.
Revolução
Ao declarar que o caminho para a “salvação” passa diretamente pelos livros, o pedetista ratifica que a luta do partido é forjado no projeto trabalhista com viés ético e nacionalista.
“Uma utopia que nos move enquanto existir vida para o futuro, sem deixar de olhar o passado. Isso ilumina nosso caminho para o projeto nacional de desenvolvimento”, comenta o professor, ao exaltar o vínculo com completou.
Diante desse legado, que norteia as bandeiras do PDT, Michiles cita Leonel Brizola, a partir de uma frase que ele considera emblemática: “A vida só tem sentido quando busca o sentido para a vida.”
“Ele foi o único estadista latino-americano que considerava a educação como essência, pois ela é o meio de emancipação diante da valorização da nacionalidade e da soberania”, exaltou, ao ressaltar que o “fio da história desta corrente está na formação do pensamento e do esclarecimento”.