Os governos trabalhistas ou pedetistas, em diferentes épocas, promoveram ações que, fossem hoje, se conectariam perfeitamente com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Uma prova cabal é que, há 83 anos, dois anos antes do início da Segunda Guerra Mundial, o presidente Getúlio Vargas, ao assinar o Decreto 1.713, de 14 de junho de 1937, de criação do Parque Nacional de Itatiaia, em seu preâmbulo, escrevia: “Considerando que, por essas circunstâncias, a região em que está localizada a referida Estação Biológica, deve ser transformada em Parque Nacional, para que possa ficar perpetuamente conservada no seu aspecto primitivo e atender às necessidades de ordem científicas decorrentes das ditas circunstâncias”.
Suprimida sua data, este texto assinado por Vargas se enquadra, sem qualquer deslize, no conjunto de documentos, contemporâneos, conexos ao vaticinado pelo ODS 15: “Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestre; gerir de forma sustentável as florestas; combater a desertificação; deter e reverter a degradação da terra; e deter a perda de biodiversidade”.
Sem ter me valido de pesquisa maior, como nosso objetivo é trazer uma proposta de diálogo do presente com o futuro, vou citar algumas ações e políticas sustentáveis que visam a cidades melhores, com mais qualidade de vida.
Fortaleza ostenta a marca de mais de 300 quilômetros de ciclovias, promovendo uma mobilidade sustentável e com pouco risco sanitário – tese comprovada durante os dias mais difíceis da pandemia do Covid-19. Este o resultado positivo é fruto de ações iniciadas na gestão do prefeito Roberto Cláudio e que foram continuadas na atual prefeitura.
A criação, em Niterói (RJ), pelo prefeito Axel Grael, da primeira Secretaria do Clima (SECLIMA) no Brasil, busca organizar ações de preparação e mitigação para as transformações do clima no mundo, de forma a garantir uma cidade mais resiliente e sustentável.
Podemos falar também, da inauguração da nova sede do Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado, na cidade de Cabo Frio (RJ), sob a liderança do prefeito José Bonifácio, com recursos advindos de emenda do deputado federal Paulo Ramos. Esta Unidade de Conservação é essencial para garantia da preservação destes primatas, espécie atualmente ameaçada de extinção.
Além disto, iniciativas de mandatos ecotrabalhistas tem se inserido em lutas ambientais importantes, como o tombamento e proibição de projetos de mineração na Serra do Curral, em Belo Horizonte (MG), que tem a vereador Duda Salabert como uma das principais ativistas; ou a oposição à reabertura da Estrada do Colono, que tem sido liderada entre outros pelo deputado Goura, no Paraná.
O Trabalhismo, como a planta do deserto de que Brizola falava, sofreu todas as agruras que a ditadura promoveu contra esta corrente nacionalista de pensamento; mas, em seu governo, irrigado com os votos e apoio constante dos fluminenses, floresceu em todos os campos de atividade governamental. E nesta área de preservação da vida, como símbolo de inúmeras ações positivas, que surgiu o Parque Estadual da Pedra Branca: mais um fazimento de Darcy Ribeiro.
Nestes nossos tempos, teríamos muitas outras atividades memoráveis que uniriam o Trabalhismo brasileiro à execução de programas e projetos ambientais inseridos nas propostas da Agenda 2030 – algumas delas ocorridas em tempos anteriores à sua implantação em âmbito universal.
Por fim, conhecer nossas realizações do presente e do passado, sabendo que o Trabalhismo Brasileiro sempre esteve e continua conectado a agenda socioambiental, dá um fôlego extra para o fortalecimento de nossa caminhada como ecotrabalhistas.
*Everton Gomes é cientista político, vice-presidente nacional do Ecotrabalhismo e secretário de assuntos econômicos do PDT Nacional.