Indicação foi reforçada durante debate virtual com lideranças do PSB, PCdoB, PT e PSOL
“O PDT vai lutar e fazer, o que for possível, também aqui em Santa Catarina, em favor da democracia e do sistema constitucional”, garantiu o secretário-geral nacional e presidente do partido no estado, Manoel Dias, ao abordar, nesta quinta-feira (4), a construção de uma frente contra o fascismo. Na transmissão virtual com representantes do PSB, PCdoB e PT, a liderança pedetista confirmou a necessidade de conexão das forças democráticas, principalmente do campo popular.
“Santa Catarina está dando um belo exemplo. O que está em jogo não é só a disputa contra o Bolsonaro, mas a democracia. Precisamos fazer uma frente ampla em todo o estado para retomar o espaço do povo, que, efetivamente, deve ser protagonista na luta por direitos e garantias”, conclamou Dias, que também preside a Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), que integra fórum pluripartidário do Observatório da Democracia.
“Vamos nos unir. É possível. Temos condições de fazer importante papel a partir das nossas cidades catarinenses. Com nosso sentimento de responsabilidade perante a população, construiremos essa frente até como modelo para ser ampliado em âmbito nacional”, completou.
Acompanhado dos presidentes estaduais do PSB, PCdoB e PT, Cláudio Vignatti, Douglas Mattos e Décio Lima, respectivamente, e da liderança do PSOL, Elson Pereira, Dias defendeu a soma de forças para garantir a resistência durante o enfrentamento da onda reacionária e antidemocrática, bem como apontou que os representantes da esquerda precisam mostrar alinhamento diante de uma realidade atípica.
“Nós temos um grande dever. Respeitadas nossas diferenças partidárias e ideológicas, precisamos nos concentrar por um único objetivo: derrotar o ódio representado por esse governo fascista que tentar fazer valer a vontade de poucos. Bolsonaro não quer atender às grandes massas, mas, sim, uma minoria privilegiada”, alertou, ao completar: “Por isso, não podemos ficar só no discurso. Temos que agir. A mudança só ocorrerá se a população participar dela”
Citando o sentimento nacionalista de Leonel Brizola, o pedetista relatou que Bolsonaro tenta impor uma nova ditadura no país e segue subtraindo direitos históricos, que “nem os militares, em 64, tiveram tamanha audácia”.
“Acabaram com o Ministério do Trabalho e a CLT de Getúlio Vargas, dentre outras perversidades contra o povo. Colocaram um ministro da Economia a serviço do grande capital financeiro para entregarem, de vez, o Estado”, comentou. “A direita não está nem aí. Eles não querem saber de quem passa fome e dos desempregados. Não conseguem nem entregar R$ 600 reais do auxílio emergencial, mas os recursos para os bancos não atrasam”, acrescentou.
Perspectivas
Ao elogiar o legado e a coerência de Dias, incluindo a trajetória ao lado de Brizola, Douglas Mattos confirmou que a realidade nacional está atrelada às crises política, econômica, saúde e institucional, que impactam o país ao mesmo tempo.
“A crise é o Bolsonaro, que propaga o ódio e a mentira via fake news. Ele não tem capacidade de nos tirar desse caos. Não acho que as experiências do impeachment no Brasil foram satisfatórias, mas a tendência é que o presidente não fuja deste caminho”, projetou.
“A política do (Paulo) Guedes é a continuação do Temer. O resultado é queda do PIB, explosão do desemprego e a população em desespero. Nós já vínhamos em um cenário gravo antes da pandemia.
Nesta mesma direção, Cláudio Vignatti entende que “se não fosse a pandemia, as ruas estariam cheias, pois o melhor para o país é o impeachment de Bolsonaro”.
“O movimento é de todos os setores democráticos, que está crescendo nas redes sociais. Com o fim do isolamento social, o povo vai para as ruas. Já somos maioria, cerca de 70% da população”, ressaltou.
Diante do êxito do governo argentino no combate ao coronavírus, a liderança do PSB entende que o presidente da República cria situações para se colocar como solução e, assim, fugir dos problemas que não consegue resolver.
“As mudanças estruturais que eles querem fazer é para armar o povo dele, como os milicianos para enfrentar os movimentos populares. O momento mostra graves dificuldades, tanto econômicas, quanto sociais, com submissão internacional. O país não ganha da com isso”, avaliou.
Ao longo da sua participação, Décio Lima mostrou que, pela unidade, a esquerda poderá “quebrar hegemonias no palco da democracia, que são as eleições”.
“Precisamos mostrar o engajamento do campo popular de Santa Catarina para enfrentar o processo fascista do bolsonarismo, que converge com uma série de crises”. Sobre o campo econômico, criticou as rotineiras posições da pasta econômica de Bolsonaro.
“Guedes fala que é jogar dinheiro fora investir nos pequenos empreendedores, justamente uma força de Santa Catarina na geração de emprego e renda. E nessa perspectiva, o debate, também em função das eleições, pode abrir espaço para analisar essa questão dentro de um projeto de desenvolvimento. Nós temos o dever de fazer esse esforço”, encerrou.
Com uma posição otimista relacionada à proposta no encontro, Elson Pereira acredita que “só uma união pode levar a uma saída exitosa, como visto, em Portugal, a partir da integração da esquerda”.
“É um momento simbólico que aponta nosso compromisso com a democracia diante de um governo eleito não com uma proposta de visão de mundo à esquerda, mas deixa claro que tem um projeto muito perverso, como vimos no meio ambiente, na relação com outros países neoliberais, mas também no ponto de vista econômico”, concluiu.