De acordo com o vereador Dalton Borba, líder do projeto, o tema ganhou destaque internacional devido à sua forte ligação com a dignidade da pessoa humana
O documentário ‘Menstruação Atrasada: as falhas do sistema no combate à pobreza menstrual’, lançado na última quinta-feira (14), produzido pela equipe de comunicação do vereador de Curitiba, Dalton Borba (PDT). Com duração de 30, o projeto revela como mulheres e adolescentes da periferia da capital paranaense enfrentam a questão na rotina diária e traz um debate entre médicos, defensores públicos e coletivos que trabalham para diminuir os impactos dese problema social.
A pobreza menstrual pode ser compreendida como a dificuldade ou a falta de acesso por mulheres, mulheres cisgênero, homens trans e outras pessoas que menstruam, em situação de vulnerabilidade social ou econômica, com útero ativo, a produtos de higiene como absorventes íntimos e coletores menstruais, ao saneamento básico e à educação adequada para lidar com a menstruação. Pode ser entendida como a falta de acesso a itens básicos de higiene durante o período menstrual, por falta de dinheiro ou de informação.
De acordo com o Borba, o tema da pobreza menstrual ganhou destaque não só Brasil, ganhou proporções internacionais, exatamente por causa da temática que tem ligação com a dignidade da pessoa humana.
“É inconcebível que, em pleno século XXI, ainda haja dificuldade de acesso a itens que são de saúde da mulher e daqueles que menstruam, esse é uma tema importantíssimo. A falta ou a dificuldade de acesso aos itens de higiene afetam dignidade da pessoa humana. Muitas mulheres deixam de ir ao trabalho, à escola, isso gera reflexos sociais, à dignidade e à saúde daqueles que menstruam. A falta desses itens podem causar infecções, e até desencadear doenças graves que comprometem a vida e a saúde das pessoas que menstruam, dos homens trans.
O parlamentar pedetista explica que a produção do documentário busca divulgar esse debate, para que todos tenham a consciência desse problema, e conheçam as implicações desse tema. Esse documentário busca difundir as informações com o intuito educativo, buscando a conscientização e mais comprometimento da população e do poder público”, explicou.
O objetivo é propor uma discussão sobre essa temática, e contribuir para o enfrentamento ao problema, com propostas de políticas públicas para a erradicar a pobreza menstrual no município. Cerca de 460 mil mulheres vivem em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza no Paraná, sem acesso aos absorventes higiênicos, dependendo de políticas públicas para ter acesso a itens básicos para a saúde da mulher.
A câmara municipal de Curitiba também debate o problema da pobreza menstrual no município. Para implantar políticas públicas em Curitiba, o vereador Dalton Borba (PDT) protocolou um projeto de lei que visa instituir a política municipal de Combate e Erradicação da Pobreza Menstrual em Curitiba.
Os objetivos do projeto ao instituir a política municipal de combate e erradicação da pobreza menstrual no município são: promover à dignidade das adolescentes e mulheres em vulnerabilidade social e econômica, que tem pouco ou nenhum acesso a absorventes higiênicos e coletores menstruais adequados, erradicar a pobreza menstrual, enquanto mecanismo de erradicação da pobreza, contribuir para a qualidade de vida das mulheres e adolescentes em período menstrual, reduzir o risco de doença e de outros agravos, além de promover a saúde e o acesso o acesso à informação e a educação sobre a menstruação e a saúde feminina. A menstruação ainda é um assunto tabu, mas deve ser vista como um processo natural do corpo feminino.
As políticas de saúde pública no Brasil ainda são pensadas e elaboradas com prioridade ao público masculino, e nesse contexto o projeto de lei sobre a pobreza menstrual apresentado na câmara de Curitiba, visa estabelecer políticas de saúde pública no município de Curitiba, voltadas às mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e social. A realidade é que muitas mulheres acabam usando folhas de jornal, sacolas plásticas, meias ou panos velhos para absorver o sangue, aumentando os ricos de infecção e colocando sua saúde em risco.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que o direito das mulheres à higiene menstrual é uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Estima-se que uma em cada dez meninas perdem aula quando estão menstruadas, além disto acaba por privar muitas mulheres, neste período, de terem qualidade de vida e desempenharem atividades rotineiras. Em 2018, uma marca de absorventes realizou uma pesquisa, com cerca de 9 mil brasileiras (entre 12 e 25 anos), e teve como resultados, em suma, que 22% afirmam não ter acesso a produtos confiáveis relacionados à menstruação porque não têm dinheiro ou porque eles não são vendidos perto de casa.
Dados da Organização das Nações Unidades (ONU), apontam que no Brasil 25%, 1 em cada 4 meninas, entre 12 e 19 anos, deixaram de ir à escola por não ter dinheiro para comprar absorventes.
O tema da pobreza menstrual ganhou repercussão no país, após o presidente Jair Bolsonaro vetar a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de escolas públicas e mulheres em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema, sob a alegação que a lei aprovada em setembro, na Câmara Federal e no Senado, não apontar a origem dos recursos, a fonte de custeio para esse fim.
O vereador Dalton Borba posicionou-se contra o veto do presidente Bolsonaro, pois considera de suma importância implantar políticas públicas para erradicar e combater a pobreza menstrual no país.
“É uma questão de efetivar a dignidade humana, de prevenir doenças e problemas de saúde, é uma questão de saúde pública, e nessa esteira é que proponho esta Política Municipal de combate e erradicação da pobreza menstrual, trata-se de efetivar os direitos fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana”, finalizou.
Assista o documentário na íntegra: