Em entrevista à emissora britânica BBC News, publicada na quinta-feira (5) passada, a presidenta Dilma Rousseff disse que se for afastada do cargo em decorrência do processo de impeachment irá resistir e batalhar para vencer na comprovação de que não cometeu crime de responsabilidade.
“Nós iremos continuar lutando para voltar ao governo. O que nós iremos fazer é resistir, resistir e resistir, e lutar para ganhar no mérito e retornar ao governo”, afirmou, voltando a apontar ilegalidade no processo. “O que nós defendemos, o meu governo e todos os meus apoiadores, é que o processo de impeachment é ilegítimo e ilegal porque baseado em uma farsa”, disse a presidente.
Na entrevista concedida à BBC, no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff foi questionada sobre se não possuía conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras. Na resposta, ela defendeu que as denúncias sejam investigadas.
“Não concordo que o Brasil seja diferente dos outros países no que se refere à existência de corrupção. É intríseco aos processos de corrupção se esconder por baixo de estruturas e de práticas aparentemente corretas. Elas tem que ser investigadas”, defendeu, voltando a afirmar que não teme as investigações. “Eu aceito qualquer forma de investigação porque tenho certeza que sou inocente. Então, não será por conta de investigação [que não voltarei à Presidência]. Não há o menor problema. A mim, podem investigar”, afirmou.
A BBC também perguntou à presidenta se não é necessário lembrar aos que defendem o retorno da ditadura que esse não é um regime político ideal. Em resposta, ela lembrou sua prisão na década de 70 pelo regime militar.
“Eu pessoalmente fiquei presa três anos e tinha uma espécie de ritual: você era preso, e neste período você era desconectado do mundo, você era torturado e enquanto achassem que era importante saber informações, eles mantinham a sua tortura. Muitas pessoas morreram. Não precisa viver aquele terror e aquela tragédia para aprender que a democracia é o lado certo da história”.