NO DIA 13 DE MARÇO DE 1964, o Presidente João Goulart, concluiu seu discurso na Central do Brasil no Rio de Janeiro, para mais de 200 mil pessoas conhecido como “comício das reformas”, afirmando:
“Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil”.
Decorridos apenas seis dias, após o discurso de Jango pelas reformas de base, como num passe de mágica, foi realizada, em São Paulo, a “Marcha da Família com deus pela Liberdade”, reunindo cerca de 500 mil pessoas, em manifestação contra as propostas do Presidente que entendia, com acerto, de que “o caminho das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos”.
O que a maioria dos brasileiros não sabia, é que a organização da marcha, tida como uma promoção de mulheres católicas, escondia o apoio de grupos econômicos aliados a civis e militares, inclusive a embaixada americana, interessados na queda do Presidente.
Essas marchas, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, consideradas pela população como espontâneas eram, todavia, eventos patrocinados por empresários, banqueiros, políticos, imprensa e militares, através do IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática ligado à CIA e do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais – IPES, para financiar a eleição de candidatos a deputado federal contrários a João Goulart, além de financiar a produção de filmes para TV e material para mídia impressa acusando o governo de Jango de comunista, culminando com o afastamento do Presidente em 31 DE MARÇO DE 1964. Segundo o mestre Darcy Ribeiro “Jango foi derrubado pelas suas altas qualidades”.
NESTE 13 DE MARÇO DE 2016, novas manifestações, também ditas espontâneas, repetiram-se novamente com maior intensidade em São Paulo e no Rio de Janeiro, reunindo 2º seus organizadores, cerca de 1,5 e 1 milhão de pessoas respectivamente.
A motivação das marchas de 1964 e as mobilizações deste 13 de março, na essência não diferem. Contra Jango: combate à corrupção e aprovação das reformas de base. Contra Dilma: combate à corrupção e às reformas políticas, fiscal e previdenciária.
No fundo “a elite brasileira que não cabe em Miami” (Brizola), continua financiando seus representantes no Congresso (em 1964 era o IBAD e o IPES), porque não aceita e não admite o povo no poder. São os mesmos que em 1954, “suicidaram” o maior estadista do Brasil, o Presidente Vargas. São os mesmos que pressionaram a renuncia do Presidente Jânio Quadros em 1961. São os mesmos que vetaram a posse do vice-Presidente João Goulart, eleito democraticamente, pois na época o vice também era votado e que se não fosse a pronta reação do bravo governador Leonel Brizola, através da Rede da Legalidade, Jango não teria tomado posse em 07 de setembro de 1961.
São os mesmos que deram o Golpe em 31 de março de 1964 para derrubar o Presidente. São os mesmos que engoliram o “sapo barbudo”, porque ele os chamou para seu vice. São os mesmos que, inconformados com a derrota nas urnas, querem derrubar a briosa e valorosa Presidenta Dilma.
Tudo é muito parecido com os antecedentes do Golpe de 1964.
Nossa jovem e tenra democracia resistirá a tantos e tamanhos bombardeios?
Não há dúvida de que, mais uma vez, os donos do capital estão patrocinando esses eventos, pois do contrário não teríamos dezenas de trios-elétricos, balões, patinhos, bonecos gigantes e enormes bandeiras, mídia escancarada, tanto na convocação, como na promoção, como na cobertura no rádio e na TV.
São as viúvas da elite derrotada em várias eleições, tentando novamente golpear a constituição.
SERIA O 13 DE MARÇO UMA DATA CABALÍSTICA?