O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ao participar ontem (20/2) em São Paulo do ato organizado pela direção nacional do PT pelos 10 anos do Partido dos Trabalhadores no comando do governo federal, afirmou em discurso de cerca de cinco minutos que a principal marca do governo petista é a sua “opção pelos pobres”. Destacou também que o presidente Lula, após governar o Brasil por oito anos, “teve a coragem de colocar uma mulher torturada como presidente e somente um estadista faria isso”.
(Na foto, Lula abraça Brizola na sua posse na Presidência, em 2003)
Na sua fala, Lupi disse ter orgulho de ter participado dos governos Lula e Dilma “e de ter ajudado a construir esse Brasil diferente”, que todos estavam ali celebrando. Lembrou a importância da Era Vargas na construção do Brasil moderno e assinalou que ainda chegará o dia em que o povo brasileiro não dependerá mais do bolsa-família.
Lupi elogiou a opção de Lula e Dilma de governarem para os brasileiros mais humildes – o que tornou Lula uma referência para todos os trabalhadores do mundo – exaltando ainda a política de inclusão social e valorização do salário-mínimo dos últimos 10 anos como importantes realizações do período. Lupi também elogiou Lula por sua ousadia ao escolher uma mulher para ser sua sucessora na presidência do Brasil.
A presença de Lupi no ato, no centro dos acontecimentos e ao lado de Lula e Dilma, foi recebida por analistas políticos como uma retomada explícita dos entendimentos institucionais entre o Governo de Dilma e a direção nacional do PDT.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discursou antes da presidente, que também esteve presente, afirmou que os adversários “podem juntar quem quiser” que não derrotarão o PT nas eleições presidenciais de 2014.
“Eles podem se preparar, juntar quem eles quiserem, que, se eles têm dúvida, vamos dar como resposta a reeleição de Dilma em 2014. É essa a consagração da política do Partido dos Trabalhadores”, disse o ex-presidente arrancando aplausos e gritos da plateia de mais de 800 pessoas – entre lideranças petistas, de partidos da base aliada e militantes – que lotaram o auditório do hotel Holliday Inn, no Anhembi e o saudaram com o tradicional “olê, olê, olê, olá, Lula, Lulá.”
Dilma foi a última a discursar e, assim como Lula, não poupou críticas à oposição: “os que apostam contra o governo vão amargar prejuízos financeiros ou políticos”. Em um discurso de 50 minutos, Dilma garantiu que o governo manterá a estabilidade da economia do país.
Segundo Dilma, o bom desempenho econômico é tão importante quanto a agenda social.
“O Brasil tem mostrado ao mundo que os pilares econômicos e sociais não são incompatíveis. Essa é uma das grandes conquistas dessa década”, destacou.
“Nós acreditamos que os pilares sociais e econômicos são complementares, produzem sinergia. Impulsionam a produção e o emprego”, completou.
Nessa linha, a presidenta enfatizou ainda o combate à miséria como prioridade do governo. “Este é o governo que continuará lutando com toda a sua energia para que dentro de algum tempo não haja um só brasileiro, nenhuma só brasileira na miséria”, disse.
“A estabilidade é um dos nossos compromissos e os que apostarem no contrário amargarão sérios prejuízos financeiros ou políticos. Erram os que dizem que estamos abandonando os pilares de nossa economia”. Dilma disse ainda que os que criticaram suas políticas sociais e econômicas “desconhecem o povo brasileiro ou esse país”.
Antes, Dilma exaltou a figura de Lula ao colocá-lo como líder da década.
“Nossa década tem um líder e esse líder é Luiz Inácio Lula da Silva. Nós todos aqui presentes somos construtores, mas temos um líder e um povo que, ao construir uma liderança como a do presidente Lula, cria suas condições para transformar a realidade”, disse a presidente.
“Foi ele que com pioneirismo começou a fechar a porta do atraso e abrir a da oportunidade. E deixou entrar por ela a primeira mulher presidenta. E essa é a missão que eu tenho a honra, a alegria, imensa responsabilidade e humildade de exercer”, afirmou, sendo aplaudida.
A presidenta Dilma fez um discurso longo e ironizou as dúvidas sobre a redução da energia elétrica, divulgadas pelos partidos de oposição e por setores da mídia quando do anúncio da medida, e disse que esse discurso midiático-político continua. “O mesmo tipo de previsão equivocada e tendenciosa começa agora a se repetir em relação à capacidade do Brasil de aumentar seu ritmo de crescimento e manter a estabilidade econômica. Repito: nossos fundamentos estão cada vez mais sólidos”. Segundo ela, o seu governo, que enfrentou “uma das maiores crises internacionais da história, está mais do que preparado para enfrentar os desafios do presente e do futuro”.
Antes de Lula, também discursou o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que, ao elogiar a presidente Dilma Rousseff, disse não imaginar que uma mulher iria “enquadrar” o sistema financeiro nacional. Haddad qualificou a presidente como um “exemplo de fibra e determinação”, logo na abertura da festa.
Em seguida, Haddad manifestou desejo de ver Dilma governar o país até 2018.
“Foi a senhora que mostrou já nesse governo que era sim possível fazer as reformas que o Brasil precisava e fazer as que o Brasil ainda precisa e que queremos ver realizar nos dois anos, e se depender de mim, nos próximos seis anos.” Haddd também não poupou elogios a determinação de Lula.
O espaço onde ocorreu a festa, com capacidade para 850 pessoas, não foi suficiente para abrigar todos que se dirigiram ao local. Um espaço anexo, equipado com telão, foi montado para cerca de 400 presentes. Segundo a organização, mais de mil pessoas acabaram ficando do lado de fora.
Presente ao evento, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab foi colocado em lugar de destaque no evento, como Lupi. Atualmente, o PSD integra a base de sustentação do governo federal e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
“O governo [do PT] trouxe para o Brasil avanços extraordinários. O povo brasileiro reconhecidamente vive muito melhor, tem acesso a programas sociais. O PSD se sente muito confortável em estar aqui presente, em trazer aqui esse apoio. Parabéns à militância petista, aos dirigentes petistas, parabéns ao presidente Lula, à presidente Dilma”, disse Kassab.
Também participaram do ato o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR), os senadores Eduardo Lopes (PRB), Robson Amaral (PTN) e Valdir Raupp (PMDB), além de Renato Rabelo, presidente do PCdoB. Outros presentes foram os governadores Agnelo Queiroz (Distrito Federal), Jaques Wagner (Bahia), Marcelo Déda (Sergipe) e Tião Viana (Acre).
Estavam ainda presentes as ministras Marta Suplicy (Cultura), Miriam Belchior (Planejamento), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Helena Chagas (Comunicação Social), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Eleonora Menecucci (Políticas para Mulheres), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), José Eduardo Cardozo (Justiça), Gilberto Carvalho (secretaria-geral da Presidência), Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde),.
Valdir Raupp, presidente do PMDB – partido do vice-presidente Michel Temer -, disse que seu partido “dará todo o apoio e condições para fazer desse país um lugar mais justo e democrático”.
“Nesses dez anos, caracterizados como fase desenvolvimentista do Brasil, o PMDB fez parte da base, apoiando o governo em todas as questões importantes para o desenvolvimento do país”, declarou.
Já Roberto Amaral, do PSB, exaltou a origem de Lula, ex-metalúrgico: “Lula é herdeiro das lutas sociais e de todas as lutas trabalhistas que se desenvolveram na República. O destino escolheu um operário, um metalúrgico para dirigir a construção de um novo Brasil”, disse. Roberto Amaral disse também que em 1989 teria sido melhor que a esquerda brasileira se unisse em torno de Brizola, em vez de se dividir em várias candidaturas, inclusive a de Lula.
O ato de ontem dá início a uma série de seminários que serão realizados no país, em parceria com o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo, também como parte das comemorações pelos 33 anos de fundação do PT. O próximo ato será realizado agora no dia 28/2, em Fortaleza (CE).
OM – Com jornais e Valmor Stédile